Dados do Trabalho
Título
Investigação de exposição a ave silvestre doente no contexto da emergência zoossanitária por H5N1 no Brasil
Objetivos(s)
Objetiva-se descrever a atuação do Centro de Informação Estratégica em Vigilância a Saúde Leste do Núcleo Regional de Saúde Leste (CIEVS Leste), na investigação de exposição humana a ave marinha migratória doente, em município da Bahia.
Relato do Caso
O vírus influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1) é capaz de infectar aves e mamíferos, inclusive humanos, e causar síndromes respiratórias de alta letalidade. Desde 2022, vem provocando surtos em aves nas Américas, com circulação prolongada que já resulta significativos impactos econômicos e sociais. O H5N1 foi detectado pela primeira vez no Brasil em maio/2023, em aves silvestres no ES, RJ e RS, sendo declarada emergência zoossanitária no país. Ao receber informações iniciais, o CIEVS Leste estabeleceu contato imediato com o gestor municipal de vigilância em saúde do local da ocorrência, para início das investigações epidemiológicas. No dia seguinte, a equipe CIEVS Leste se deslocou até o município para apoiar a vigilância municipal, verificando-se que uma ave da espécie Calonectris borealis fora encontrada por dois transeuntes, caída no chão, resgatada e entregue a um terceiro indivíduo, que por sua vez é voluntário na reabilitação de animais silvestres. A ave foi cuidada por ele e mais outra voluntária por 5 dias, mas foi a óbito com insuficiência respiratória. O corpo do animal foi enterrado, e o órgão estadual de meio ambiente foi comunicado. Nenhuma das 4 pessoas expostas a esta ave fez uso de EPI; todos foram orientados sobre sinais de alarme, etiqueta respiratória e isolamento. Os dois indivíduos que resgataram o animal inicialmente relataram ter apresentado sintomas gripais no dia seguinte ao resgate, mas depois negaram a informação e recusaram fazer exames. Os outros dois, que cuidaram da ave, estavam assintomáticos, um realizou swab de naso e orofaringe para análise laboratorial, a outra estava em viagem. A amostra foi enviada ao LACEN, e teve resultado não-detectável para H5N1. Essa investigação ocorreu no período em que os protocolos e fluxos de vigilância ainda estavam sendo definidos pelas autoridades sanitárias nacional e estadual.
Conclusão
Conclui-se que houve boa articulação entre o CIEVS estadual e regional, vigilância municipal e LACEN, com efetivação de resposta rápida e oportuna. Contudo, a parceria intersetorial com os órgãos ambientais e defesa agropecuária foi incipiente, sendo necessárias estratégias de fortalecimento para atuação conjunta da vigilância humana e animal.
Área
Eixo 01 | Ambiente e saúde
Categoria
NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador
Autores
Sâmea Regina Andrade Barreto, Flávia Helen Souza Nascimento, Rita de Cassia Carvalho Sauer, Jorge Nunes dos Santos, Camila Tanan Araujo