Dados do Trabalho

Título

Parasitismo por Trichuridae em Holochilus chacarius no Pantanal de Mato Grosso do Sul

Introdução

No bioma Pantanal, devido à grande diversidade de vetores e hospedeiros, altas taxas de infecções parasitárias podem ser observadas nos animais. Deste modo, helmintos que possuem parte de seu ciclo em tecidos como esôfago, fígado, estômago e intestino liberam seus os ovos nas fezes e consequentemente contaminam o habitat.

Objetivo (s)

Relatamos aqui o parasitismo por Trichuridae em fígado do pequeno roedor semi-aquático Holochilus chacarius no Pantanal da sub-região de Miranda, Mato Grosso do Sul.

Material e Métodos

Os animais deste estudo foram capturados em um arrozal de uma fazenda de agro-ecoturismo, entre outubro e novembro de 2021. No total, 33 animais H. chacarius foram removidos e necropsiados para coleta de material para estudo histopatológico. Fragmentos de pulmão, rim, pele do abdômen, fígado e sistema reprodutor foram fixados em formalina tamponada a 10%. Os tecidos foram submetidos ao processamento de histotecnia e corados com hematoxilina e eosina para visualização e captura de imagens em microscópio óptico, na Universidade Católica Dom Bosco.

Resultados e Conclusão

Dos animais analisados, dois apresentaram ovos e parasitos adultos no parênquima hepático. Os ovos foram associados ao gênero Trichuris devido ao formato ovalado em “barril”, casca espessa e extremidades bioperculadas. Pode-se sugerir, devido à localização anatômica, que os ovos sejam de Capillaria hepatica. A intensa resposta inflamatória e lesão tecidual observadas podem ser decorrentes da presença dos ovos e parasitas. Pode-se vincular nosso achado ao fato de que a ocorrência de Trichuridae em H. chacarius foi favorecida pela fragmentação do habitat natural devido a atividades antrópicas e à presença de animais de companhia e produção no sistema de agro-ecoturismo, onde foram capturados os animais. Conclui-se que H. chacarius pode atuar como hospedeiro da infecção por Trichuris spp. Ainda, por constituir a base da rede trófica, essa espécie abundante de pequeno mamífero pode transmitir o helminto aos carnívoros silvestres através da predação.

Palavras-chave

Saúde Única, Animais Silvestres, Helmintoses, Pantanal

Agradecimentos

CNPq, FUNDECT, UCDB, CAPES