Dados do Trabalho

Título

Dor Neuropática na Febre Chikungunya: incidência e associação com fatores clínico-reumatológicos

Introdução

A Febre Chikungunya (FCHIK) costuma ser autolimitada à fase aguda da doença, porém em 40% dos casos a persistência da poliartralgia pode durar meses ou anos. Além disso, estudos demonstraram que 30% dos indivíduos diagnosticados com FCHIK apresentam quadro de dor com componente neuropático, o qual requer a otimização da analgesia devido a não eficácia dos analgésicos convencionais.

Objetivo (s)

Avaliação da incidência de dor neuropática em indivíduos diagnosticados com FCHIK e a possível associação com fatores sociodemográficos e clínicos. Foram coletados dados sociodemográficos, clínico-reumatológicos, foi aplicado o questionário para avaliação de dor neuropática (DN-4) durante acompanhamento clínico no Hospital das Clínicas da UFPE.

Material e Métodos

Os dados de 253 indivíduos diagnosticados com FCHIK durante as fases aguda e subaguda. Analisados à frequência e a análise de associação avaliada pelo teste Chi-quadrado de Pearson, utilizando o software SPSS 25, considerando o valor de p ≤0,05 estatisticamente significativo. A incidência de dor neuropática foi observada em 54,2% (n= 137) dos indivíduos.

Resultados e Conclusão

O adormecimento (67,3%;n= 167), queimação (59,3%; n=147) e a alfinetada (56,0%; n=139) foram os sinais mais frequentemente autor relatados durante a aplicação do questionário DN-4. Durante a fase aguda e subaguda da FCHIK a dor neuropática foi associada à alta atividade da doença segundo o índice clínico CDAI (p < 0,001), sexo feminino (OR: 2,826; IC = 1,556-5,131; p = 0,001; X 2 = 11,598), rash (OR = 1,848; IC = 1,061-3,220; p = 0,036; X 2 = 4,415), prurido (OR = 2,309; IC = 1.380-3,864; p = 0,002; X 2 = 9,636), edema (OR = 2,020; IC = 1,070- 3,811; p = 0,032; X 2 = 4,533), parestesia (OR = 5,780; IC = 3,325-10,048; p < 0,001; X 2 = 41,707), cefaleia (OR = 3,265; IC = 1,874-5,689; p < 0,001; X 2 = 18,587) e febre (OR = 2,731; IC = 1,221-6,108; p = 0,014; X 2 = 6, 099). Além da dor neuropática que foi associada à persistência da poliartralgia (OR = 7,771; IC = 2,876-20,997; p < 0,001; X 2 = 20,570) na fase crônica da FCHIK. Conclui-se que os dados do presente evidenciam a dor neuropática como importante parâmetro clínico a ser considerado no manejo clínico e na adoção de conduta terapêutica adequada em indivíduos diagnosticados com com a FCHIK.

Palavras-chave

Dor neuropática, Febre Chikungunya, Poliartralgia persistente.

Agradecimentos

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES), Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (DECIT-MS), Fundação de apoio à Fiocruz (FIOTEC)