Dados do Trabalho


Título

Associação entre infecção por Leishmania infantum em humanos e cães coabitantes: risco acoplado aos níveis caninos de IgG anti-leishmania

Introdução

A leishmaniose visceral-LV é uma zoonose parasitária endêmica em quase todo território brasileiro, sendo o cão o principal reservatório urbano da Leishmania infantum.

Objetivo (s)

O objetivo desse trabalho foi avaliar se há associação entre a infecção por L. infantum em humanos e cães coabitantes domiciliares, numa área endêmica para LV.

Material e Métodos

Estudo transversal foi realizado através de inquérito sorológico canino censitário no Loteamento Jardim Progresso, Zona Norte de Natal. Foram selecionados 270 domicílios em 77 quadras (77/189), para o recrutamento humano. A determinação da infecção canina para L. infantum foi feita pelo teste rápido DPP®, confirmada pelo EIE® e a humana pela detecção de anticorpos anti-SLA (ELISA). Foi realizado também monitoramento entomológico com 10 armadilhas CDC por 19 meses. Utilizou-se o teste de Qui-Quadrado (IC 95%) para análise de associação entre infecção humana e canina.

Resultados e Conclusão

A taxa de infecção canina global pelo inquérito sorológico censitário foi de 19,8% (305/1540). Das 558 pessoas recrutadas para o estudo, 80 (14,3%) apresentaram anticorpos anti-SLA. Dentre os 270 domicílios, 32 não tinham cães, sendo identificados 376 cães distribuídos pelos outros 238 domicílios. A taxa de infecção canina nesse subgrupo foi de 24% (86/358). Foram encontrados humanos e cães sororreagentes em 19,2% (52/270) e 32% (73/228) dos domicílios, respectivamente. Dos 228 domicílios com cães elegíveis, 42 (18,4%) tinham pessoas sororreagentes, dos quais 25 (59,5%) abrigavam cães não infectados e 17 (40,5%) animais sororreagentes. Dos 186 domicílios com pessoas não sororreagentes, 130 (69,9%) tinham cães não infectados e 56 (30,1%) cães sororreagentes. Não houve associação entre a infecção por L. infantum em humanos e cães coabitantes (X2=1,692; p=0,193), todavia, observou-se associação entre a presença de cães com densidade ótica (OD) elevada (>3x o cut off) e infecção humana (X2=3,910; p=0,048). A abundância relativa média para Lutzomyia longipalpis foi de 1,13 e a infestação domicilia 51,4%. Apesar de não ter sido observada associação entre infecção por L. infantum em humanos e cães coabitantes, foi observada associação quando os níveis de anticorpos anti-Leishmania e, possivelmente a carga parasitária, eram elevados nos cães. Esse achado reforça a importância do cão como reservatório urbano. Reações inespecíficas na sorologia humana podem ter interferido na análise.

Palavras-chave

Infecção Leishmania infantum; Reservatório canino

Agradecimentos

CAPES; CNPQ; The University of Iowa; NIH; UVZ de Natal

Área

Eixo 06 | Protozooses

Categoria

Concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador - Doutorado

Autores

José Flávio Vidal Coutinho, Iraci Duarte de Lima, Paulo Ricardo Porfírio do Nascimento, Diego Gome Teixeira, Glória Regina Góis de Monteiro, Diogo Gárcia Valadares, Ádila Lorena M Lima, Úrsula Priscila da Silva Torres, Joanna Gardel Valverde, Leonardo Capistrano Ferreira, Selma Maria Bezerra Jerônimo