Dados do Trabalho

Título

Transmissão focal de Schistosoma mansoni em uma comunidade na área urbana da cidade de Salvador-BA

Introdução

Com o crescimento desordenado das cidades e a consequente contaminação fecal humana de águas superficiais, surgem regiões com condições precárias de moradia e saneamento, onde os moradores estão expostos à infecção por Schistosoma mansoni.

Objetivo (s)

O objetivo deste estudo foi descrever a distribuição da esquistossomose em área urbana da cidade de Salvador-BA.

Material e Métodos

A partir de um estudo piloto realizado em 2022, selecionamos o bairro Lagoa da Paixão como área de estudo. Foi realizado um estudo transversal de base populacional com 1.029 moradores que, após consentimento livre e esclarecido, responderam a um questionário sociodemográfico e comportamental, além de um questionário domiciliar respondido pelo chefe da família. Todos forneceram até três amostras de fezes em dias diferentes para exame parasitológico pelo método de Kato-Katz.

Resultados e Conclusão

A média de idade dos participantes foi de 33,0 ± 20,5 anos, a maioria era do sexo feminino (60%) e natural de Salvador (80%). Os chefes das famílias majoritariamente relataram ter água encanada (91%) e esgotamento sanitário adequado (100%). Foi possível observar caramujos do gênero Biomphalaria sp. em alguns pontos da lagoa, mas não obtivemos informações sobre liberação de cercarias. Foram encontrados 21 casos de infecção por S. mansoni, o que representa uma prevalência de 2,0%. A comunidade associou a infecção das crianças ao contato com água na lagoa, no entanto, no estudo de associação não foi possível demonstrar essa relação de forma significativa. Por outro lado, essa hipótese é confirmada ao analisar a relação entre a infecção e a proximidade das moradias à lagoa (OR = 11,09; p-valor < 0,01). Além disso, os novos moradores, realocados de outros bairros de Salvador para o conjunto habitacional da região, apresentaram menor risco de infecção quando comparado aos mais antigos, que não moram no conjunto habitacional e foram expostos à lagoa por mais tempo (OR = 4,6; p-valor < 0,01). A infecção por S. mansoni foi mais significativa entre adultos maiores de 20 anos (OR = 5,1; p-valor = 0,02) e essa significância foi ainda maior entre aqueles maiores de 40 anos (OR = 5,2; p-valor < 0,01). Em conclusão, Lagoa da Paixão possui moradores infectados por S. mansoni, as águas superficiais contêm caramujos e há uma relação entre a infecção e a proximidade à lagoa. Isso indica que a região representa uma área urbana de foco de transmissão da esquistossomose em Salvador-BA.

Palavras-chave

Esquistossomose urbana, Schistosoma mansoni, saneamento básico.