Dados do Trabalho

Título

Estudo da relação de casos e óbitos por COVID-19 com as características climáticas no Brasil.

Introdução

Há evidências limitadas sobre a influência das condições climáticas na disseminação da COVID-19 em todo o mundo. Estudos têm mostrado que o clima pode afetar a distribuição da doença e suas taxas de incidência e letalidade.

Objetivo (s)

Investigar a influência das características climáticas regionais na incidência, mortalidade e letalidade da COVID-19 no Brasil.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo ecológico que utilizou uma adaptação da modelagem de distribuição de espécies. O estudo incluiu todos os municípios do Brasil que registraram casos e óbitos por COVID-19 no período de 4 de março de 2020 a 31 de dezembro de 2021. Foram estimadas a incidência cumulativa do período, a taxa de mortalidade e a taxa de letalidade por 100.000 habitantes, e em seguida, realizadas análises de percentil para transformar os dados em um resultado binomial. Os municípios que apresentaram o percentil 75% para incidência, taxa de mortalidade e taxa de letalidade foram selecionados como equivalentes à alta incidência (13.157,39/100.000 habitantes), alta taxa de mortalidade (294,27/100.000 habitantes) e alta taxa de letalidade (2,9/100.000 habitantes). Para realização da modelagem dos três indicadores de saúde, foram selecionados sete algoritmos estatísticos. A escolha dos algoritmos que foram integrados na modelagem final foi feita pela análise dos valores da curva ROC. Dados referentes às variáveis bioclimáticas (derivadas da temperatura e precipitação) foram obtidos por meio do WorldClim.com. A seleção das variáveis bioclimáticas para compor o modelo final foi realizada através do desempenho de cada variável explicativa aos sete algoritmos selecionados.

Resultados e Conclusão

A amplitude térmica anual e a sazonalidade da precipitação receberam uma contribuição relativamente alta para os modelos, explicando parcialmente a distribuição dos casos de COVID-19 no Brasil. O modelo de consenso de adequação climática média para a alta incidência acumulada do período teve um valor ROC de 0,85, para alta taxa de mortalidade teve um valor ROC de 0,88 e para alta taxa de letalidade teve ROC de 0,82. Os modelos finais mostraram áreas de alta adequação climática nas regiões Norte e Nordeste e em alguns pontos da região Centro-Oeste e Sudeste. Apesar dos aspectos sociais, virais, políticos e biológicos que regulam os casos e óbitos de COVID-19, o estudo sugere a possibilidade de que o clima pode desempenhar um papel importante como cofator na disseminação de casos no Brasil.

Palavras-chave

COVID-19; clima; temperatura; precipitação

Agradecimentos

CAPES, Programa Inova Fiocruz