Dados do Trabalho

Título

Periodicidade do acompanhamento médico na Estratégia Saúde da Família de portadores de doença de Chagas: projeto SaMi-Trop

Introdução

Introdução: A doença de Chagas (DC) afeta predominantemente populações pobres e vulneráveis. O Ministério da Saúde através do Protocolo Clínico de Diretrizes e Terapêuticas para DC crônica orienta que os portadores do agravo sejam acompanhados na Estratégia Saúde da Família (ESF)por equipe multiprofissional, incluindo consultas médicas anuais.

Objetivo (s)

Avaliar periodicidade do acompanhamento médico na ESF entre portadores da DC.

Material e Métodos

Recorte transversal da coorte SaMi-Trop, conduzido com 1601 portadores de DC de 21 municípios endêmicos de Minas Gerais. Os dados foram coletados em 2019-2021 através de entrevista. A variável dependente foi o acompanhamento regular do profissional médico da ESF, construída a partir da seguinte pergunta: “O senhor(a) é acompanhado de forma regular ou periódica por um médico da ESF para o tratamento da Doença de Chagas?", categorizada com duas categorias, “Acompanhamento Regular”; “Acompanhamento Irregular/Não acompanhado”. As variáveis independentes foram classificadas em blocos de características sociodemográficas, comportamentos em saúde, comorbidades, auto relato de percepção de saúde, satisfação com serviço público de saúde e características de utilização do serviço de saúde. Foi conduzida análise descritiva e bivariada (regressão logística simples).

Resultados e Conclusão

Entre os participantes, 68,1% eram do sexo feminino, 56,9% tinham idade até 60 anos, 78,1% declararam a cor da pele como não branco, 65,2% declararam união estável, 63,6% relataram renda familiar menor que R$362,00, e 57,3% se declararam não alfabetizados. Cerca de 75,6% relataram acompanhamento irregular/não acompanhamento. O acompanhamento irregular/não acompanhamento foi associado a menor idade (OR=1,3; IC=1,7-1,7), cor da pele não branca (OR =1,4; IC= 1,7-1,8), menor renda (OR=1,7; IC=1,3-2,2), ser alfabetizado (OR=1,3; IC= 1,0-1,7), percepção da saúde negativa (OR=1,7;IC=1,3-2,4), insatisfação com serviço de saúde (OR=2,1; IC=1,6-2,7), utilização do serviço de saúde privado (OR=2,1; IC=1,5-2,8), ter residência não localizada em região acompanhada pela ESF (OR=6,5; IC=3,3-12,9), residir a mais de 100 km da ESF (OR=1,8; IC=1,4-2,4).Foi verificada alta prevalência de acompanhamento médico irregular ou não ser acompanhado entre os portadores de DC, associada a características demográficas, de percepção da saúde e de estrutura do serviço de saúde.

Palavras-chave

Doença de Chagas, Serviços de Saúde, Atenção Primária à Saúde.

Agradecimentos

Instituto Nacional de Saúde (P50AI098461-02 e U19AI098461-06).