Dados do Trabalho

Título

Vigilância de epizootias em primatas não humanos com foco em Febre Amarela no Rio Grande do Norte

Introdução

A Febre Amarela (FA) é uma arbovirose imunoprevenível com ciclo silvestre natural envolvendo mosquitos e Primatas Não Humanos (PNH), hospedeiros e sentinelas para a doença. A estratégia de vigilância animal permite detectar precocemente a circulação do vírus e adotar, em tempo oportuno, medidas preventivas. No Brasil, a morte ou adoecimento de PNH (epizootia) é evento de saúde pública de notificação compulsória imediata.

Objetivo (s)

Avaliar as notificações de epizootias em PNH no RN no período de 2021 a março de 2023.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo descritivo-exploratório baseado nos dados da Ficha de Epizootias do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e resultados laboratoriais da Fiocruz/RJ enviados ao Laboratório Central de Saúde Pública do RN (LACEN-RN), utilizando Tabwin e Excel para análise dos dados.

Resultados e Conclusão

No período 107 epizootias foram registrados no SINAN, envolvendo 180 PNH, sendo 29 doentes e 151 mortos; 147 amostras foram coletadas e enviadas para diagnóstico laboratorial da FA, sendo 127 (86,39%) descartadas, 12 (8,16%) inconclusivas, 6(4,08%) em investigação e 2 (1,36%) confirmadas. Adicionalmente, 9 amostras foram confirmadas para Leptospira, incluindo um dos animais confirmados para FA. A espécie de PNH mais relevante foi Callithrix jacchus, animal endêmico e abundante no território, 141 (95,92%) amostras, seguida por Sapajus libidinosus, 4 (2,72%), e Alouatta guariba, 2 (1,36%). Comparativamente, 2022 foi o ano com maior número de amostras enviadas, 65 (44,21%), seguido pelos três primeiros meses de 2023, 58 (39,45%), e 2021 24(16,32%). As amostras estão distribuídas em 12 municípios, com prevalência do leste potiguar, que abrange a região metropolitana, responsável por 130 (88,43%) amostras, destacando-se a capital, Natal, com 60 (40,81%) amostras, e Macaíba, com 53 (36,05%). Os resultados confirmados em PNH para FA em 2023, inéditos no RN, tornaram a vigilância animal mais sensível, refletindo no expressivo envio de amostras no primeiro trimestre, comparado aos anos anteriores. No RN, os resultados confirmados para FA, permitiram o aumento da cobertura vacinal, passando de 49 mil vacinas aplicadas até 2022 para 75 mil até março de 2023, demonstrando a importância dessa estratégia e a necessidade de se fortalecer e ampliar a vigilância de PNH para o restante do estado.

Palavras-chave

Epizootia; Primatas não humanos; Febre Amarela.