Dados do Trabalho

Título

Relação entre formas clínicas da doença de Chagas e causa de morte em uma coorte de doença de Chagas crônica do INI/Fiocruz

Introdução

Estima-se que a doença de Chagas crônica (DCC) no Brasil seja responsável por 7.000 mortes por ano. Entre as formas clínicas da doença, a cardiopatia e as megavísceras estão diretamente associadas a eventos mórbidos. Pacientes com cardiopatia apresentam maior risco de mortalidade em comparação com aqueles que não têm envolvimento cardíaco. Os principais modos de morte decorrentes da cardiopatia são: morte súbita (MS); insuficiência cardíaca (IC) e acidente vascular encefálico (AVE).

Objetivo (s)

Correlacionar as formas clínicas da DCC com as causas de óbito em uma coorte de pacientes com DCC.

Material e Métodos

Estudo observacional retrospectivo, incluindo 2220 pacientes com DCC acompanhados no ambulatório do INI/Fiocruz, de 1986 a 2023. Os óbitos foram identificados consultando prontuários médicos ou através de consulta no Poder Judiciário do Estado do RJ. Quando pode ser identificada a causa de óbito estas foram divididas em causas diretamente relacionadas à DCC ou sem relação com a DCC. As formas clínicas da DCC foram classificadas como: indeterminada (FI), cardíaca (FC) e digestiva (FD).

Resultados e Conclusão

Dos 800 óbitos identificados, 283 foram excluídos por falta de informação sobre a causa de morte e 8 por falta de informação sobre a forma clínica, resultando em uma amostra de 509 óbitos (68,6% relacionados à DCC). Dentre as formas clínicas, a maioria apresentava FC com IC (50,5%), seguido da FC sem IC (29,5%). Os óbitos não relacionados à DCC foram mais comuns na FI (86,1%; p>0,001) e na FD (77,8%; p=0,005) enquanto os óbitos relacionados à DCC foram mais frequentes na FC com IC (87,9%; p>0,001) e FC sem IC (54,7%; p>0,001). Dentre as causas de óbitos relacionados à DCC, as principais foram MS (43,0%) e IC (42,7%), seguido do AVE (5,4%) e complicações decorrentes de megavísceras (4,9%). Dentre as principais causas de morte não relacionadas à DCC, foram observadas sepse (34,4%), neoplasias (25,0%), COVID-19 (10,0%) e cardiopatia não relacionada à DCC (7,5%).
Observou-se maior incidência de óbitos nos estágios avançados de cardiopatia, quando a IC estava presente. Nas FI e FD os óbitos não relacionados à DCC foram mais prevalentes. Entre os modos de morte da DCC, a MS e a IC incidiram de forma equilibrada. Os quadros infecciosos predominaram entre as causas de óbito não relacionadas a DCC. Apesar da pandemia de COVID-19 ter ocorrido somente nos últimos 3 anos do estudo, proporcionalmente teve um impacto significativo nos óbitos da coorte.

Palavras-chave

Doença de Chagas; formas clínicas, óbitos, causa morte.