Dados do Trabalho


Título

Síndrome de Ekbom – uma série de casos

Objetivos(s)

Síndrome de Ekbom ou parasitose delusional é uma psicose hipocondríaca monossintomática caracterizada por forte impressão de estar infestado por algum organismo vivo. Difere da Síndrome de Morgellons, na qual a queixa principal refere-se a outros agentes nocivos emergindo da pele. Os critérios para o seu diagnóstico consistem em duração maior de 30 dias, ausência de outras queixas e de alterações do humor exceto relacionadas à queixa principal ou em caso de comorbidades. A abordagem médica frente a casos de delírio parasitário consiste em um desafio para o infectologista.

Relato do Caso

Os autores relatam uma série de seis casos de Síndrome de Ekbom, quatro mulheres e dois homens, com idades entre 45 e 77 anos. Quatro tinham ensino fundamental ou ensino médio incompleto, mas duas pacientes tinham formação universitária, sendo uma veterinária e uma médica. As queixas eram carrapatos pelo corpo (um caso), fungos e vermes em pele e regiões pilosas (um caso), eliminação de vermes pelos orifícios corporais (quatro casos). Todos os pacientes tinham história prévia de diversos atendimentos médicos com a mesma queixa e realizado grande número de exames parasitológicos e pesquisa direta de diferentes materiais biológicos. Da mesma forma, todos os pacientes já tinham feito vários cursos de tratamento parasitológico ou carrapaticida, sendo que um deles fez uso sequencial de seis esquemas diferentes e outro já apresentava hepatite medicamentosa. Todos os pacientes apresentavam exame clínico normal, exceto por evidentes sinais de ansiedade e depressão em dois deles. Foi realizado exame parasitológico completo, inclusive método da fita gomada e tamização de fezes bem como exame microscópico direto dos materiais biológicos trazidos e swabs orificiai . Após a abordagem frente à etiologia psiquiátrica de suas condições, cinco pacientes abandonaram o seguimento e apenas um apresentou melhora com o uso de quetiapina.

Conclusão

Por tratar-se de psicose delirante, os pacientes com Síndrome de Ekbom resistem em aceitar o diagnóstico e com frequência abandonam o acompanhamento procurando diversos outros atendimentos para tratar a etiologia parasitária de sua condição. Por outro lado, o infectologista, por sua formação, não é familiarizado com o manejo de drogas psicotrópicas. O acolhimento, e a empatia são fundamentais para evitar a perda de seguimento, facilitando o encaminhamento para serviço de psiquiatria e resolução ou melhora do quadro.

Área

Eixo 14 | Outro

Categoria

NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador

Autores

Graziela Maria Zanini, Sidnei Silva, Gisele Silva Dias, Clarisse Silveira Bressan, Leonardo Imenes Pinho, Celina Mannarino, Elizabeth Souza Neves