Dados do Trabalho

Título

Imunossupressão pós-transplante cardíaco promove a diminuição dos níveis de miRNA-146b-5p no sangue de pacientes com doença de Chagas

Introdução

A forma mais grave da Doença de Chagas (DC) é a cardiomiopatia chagásica crônica (CCC) que, em seu último estágio, tem como principal desfecho o transplante cardíaco. A reativação da DC pós-transplante ocorre devido ao tratamento com imunossupressores, necessários para evitar a rejeição do enxerto. No processo infeccioso, mudanças no perfil de expressão de miRNAs na célula hospedeira podem indicar mecanismo de defesa ou estratégia de subversão desenvolvida pelo patógeno. O aumento da expressão do miR-146b-5p é dependente de estímulo inflamatório, principalmente das citocinas pró-inflamatórias. Previamente, o miR-146b-5p mostrou estar relacionado ao processo inflamatório desencadeado pelo T. cruzi e na produção de citocinas, sendo um potencial biomarcador de danos teciduais e cardiotoxicidade da CCC. A avaliação da expressão gênica em pacientes com CCC já vem sendo reportada em diferentes publicações. Entretanto, existem poucos estudos de biomarcadores para o monitoramento da reativação da DC.

Objetivo (s)

Assim, neste estudo, analisamos os níveis de miR-146b-5p no sangue de pacientes com DC transplantados e imunossuprimidos, com ou sem tratamento com benznidazol (Bz).

Material e Métodos

Assim, analisamos os níveis de miR-146b-5p no sangue de pacientes com DC transplantados e imunossuprimidos, com ou sem tratamento com Bz. A extração de miRNAs foi realizada em amostras de pacientes com sorologia positiva para a DC, positivos ou negativos para a presença de T. cruzi no sangue (por qPCR), após a realização de transplante cardíaco e imunossupressão. Como controle, foram utilizadas amostras de pacientes com sorologia negativa para a DC. Em seguida, foi realizada a transcrição reversa e análise de expressão gênica para o alvo miR-146b-5p e cel-miR-39-3p, como um controle interno exógeno da RT-qPCR.

Resultados e Conclusão

O grupo controle, os pacientes transplantados, mas com qPCR negativa para T. cruzi, pós-tratamento com bz), apresentaram aumento significativo na expressão de miR-146b-5p (2,5 vezes; p<0,05). Já os pacientes transplantados, mas com qPCR positiva para T. cruzi, apresentaram uma diminuição significativa na expressão de miR-146b-5p (6 vezes; p<0,01) em relação aos pacientes com qPCR negativa para T. cruzi. Esse resultados sugerem que o miR-146b-5p possui potencial para ser estudado como um biomarcador de reativação por imunossupressão na DC, sendo importante para a detecção precoce da reativação e indicação para o tratamento.

Palavras-chave

Doença de Chagas, Imunossupressão, transplante cardíaco, MicroRNAs, miR-146b-5p.