Dados do Trabalho

Título

OCORRÊNCIA DE BOCAVÍRUS HUMANO EM CASOS DE GASTROENTERITE AGUDA NA REGIÃO NORTE DO BRASIL ENTRE OS ANOS DE 2017 E 2018.

Introdução

A gastroenterite aguda (GA) é uma das principais doenças que acometem crianças na primeira infância. Diferentes agentes infecciosos são responsáveis por este agravo, no entanto 40% dos casos permanecem sem elucidação etiológica. Nesse contexto, estudos tem demonstrado a possível associação entre o Bocavírus Humano (HBoV) como agente causador de GA. O HBoV foi identificado pela primeira vez em 2005, em crianças hospitalizadas com infecções respiratórias. Dois anos após este primeiro relato, foi encontrado em 2,1% das amostras fecais de crianças hospitalizadas na cidade de Hong Kong, China, sendo assim a primeira descrição deste agente vinculado a gastroenterite aguda.

Objetivo (s)

O objetivo desse estudo foi descrever a frequência do HBoV na região Norte do Brasil em pacientes com GA coletadas no período de 2017 e 2018.

Material e Métodos

Este estudo foi conduzido utilizando amostras fecais coletadas de indivíduos provenientes da rede de vigilância das gastroenterites virais, onde o Instituto Evandro Chagas (IEC) é laboratório de referência para este agravo. Foram preparadas suspensões fecais a 20% e realizada a extração do genoma viral. As amostras foram submetidas a PCR e Nested-PCR para detecção do HBoV e posterior sequenciamento nucleotídico para descrição dos tipos virais.

Resultados e Conclusão

Entre o período analisado, foram coletadas 292 amostras, das quais 238 (81,5%) referem-se a 2017 e 54 (18,5%) de 2018. A positividade para o HBOV foi de 11,3% (33/292), sendo detectado os tipos HBoV1, HBoV2 e HBoV3 em 39,4% (13/33), 30,9% (10/33) e 30,9% (10/33) dos espécimes. Em relação a presença de coinfecções, 27,3% (9/33) das amostras também apresentaram positividade para o norovírus e 18,2% (6/33) para o rotavírus. As amostras positivas foram oriundas de seis estados, sendo, 23 (69,7%) provenientes do Amazonas, 3 (9,1%) do Tocatins, 3 (9,1%) Roraima, 1 (3%) do Amapá, 1 (3%) de Rondônia e 2 (6,1%) do Pará. Com relação ao gênero e faixa etária, a infecção pelo HBoV foi mais frequente em crianças com mais de um ano (69,7%, 23/33) e do sexo masculino (63,6%, 21/33). Com isso, conclui-se que o HBoV circula de forma relevante na região Norte e está associado a casos de coinfecção com outros agentes gastroentéricos virais. No entanto, mais estudos são necessários a fim de elucidar a frequência desse agente na região e sua possível associação como agente causador de GA.

Palavras-chave

Bocavírus Humano; Gastroenterite Aguda; Região Norte.

Agradecimentos

Instituto Evandro Chagas; Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-CAPES.