Dados do Trabalho
Título
SURTOS DE RABDOMIÓLISE ASSOCIADO À DOENÇA DE HAFF EM UMA POPULAÇÃO DA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Introdução
A doença de Haff é uma síndrome clínica rara para qual não se tem explicação fisiológica esclarecida até o momento. Contudo, as manifestações clínicas geralmente surgem 24 horas após o consumo de peixes, evidenciando a causalidade relacionada a ingesta de pescados. No Brasil não há relatos de surtos da doença até o ano de 2008, a partir de quando tais surtos se tornaram mais frequentes. Compreender a epidemiologia e a clínica dos casos associados poderá contribuir para a prevenção de novas ocorrências e preparação dos serviços de vigilância em saúde para o enfrentamento do problema.
Objetivo (s)
O estudo buscou descrever aspectos epidemiológicos e clínicos dos casos envolvidos nos 2 surtos da doença no Amazonas, entre agosto de 2021 e dezembro de 2022.
Material e Métodos
Trata-se de uma série de casos de pacientes compatíveis com a doença de Haff, apresentando os dados sociodemográficos, clínicos, epidemiológicos e características do pescado. Foram analisados 262 casos suspeitos, a amostra compreendeu a 180 casos compatíveis. Os dados foram coletados por meio da plataforma REDCap e analisados utilizando a linguagem R v.4.2 e o software RStudio v.2023.03.
Resultados e Conclusão
Foram entrevistados 180 pacientes durante o período, sendo 101 (56%) pessoas do sexo masculino, com idade média de 44 anos (DP: 18). Os sinais e sintomas mais frequentes entre os casos foram mialgia intensa (169 – 94%), fraqueza muscular (132 – 73%), náuseas (125 – 69%), dor torácica (110 – 61%) e dor abdominal (109 – 61%). A média do período de incubação entre o consumo e o início dos sintomas foi 5,7 horas (DP:7,6). A mediana de CPK foi de 3.903U/L (IQ: 4.592) no sexo feminino e 2.703 U/L (IQ: 5.002) no sexo masculino. Amostras de soro analisadas como pool apresentaram indícios da presença de palitoxinas e ovatoxinas. Quanto as características dos pescados e forma de consumo, 133 (100%) consumiram pescados de vida livre e a principal forma foi a fresco (109 – 83%). As espécies mais consumidas foram tambaqui (Colossoma macropomum) (77 – 44%), pacu (Mylossoma spp.) (63 – 36%) e pirapitinga (Piaractus brachypomus) (21 – 12%).
Os surtos ocorreram na zona urbana dos municípios de Itacoatiara, Manaus e Parintins, todos margeados pelo rio Amazonas. Para estudos futuros, a comparação entre casos compatíveis e descartados deve ser realizada para determinar os fatores de risco para o adoecimento.
Palavras-chave
Mioglobinúria. Citotoxinas. Rabdomiólise. Doenças Transmitidas por Alimentos. Ingestão de Alimentos.
Agradecimentos
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
Área
Eixo 14 | Outro
Categoria
Concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador - Mestrado
Autores
Geovana Ribeiro Pinheiro, Jady Shayenne Mota Cordeiro, Gabriel dos Santos Mouta, Maria Gabriela Almeida Rodrigues, Liane Socorro Souza, Cristiano Fernandes da Costa, Daniel Barros de Castro, Tatytana Costa Amorim Ramos, Vanderson de Souza Sampaio, Marco Aurélio Sartim