Dados do Trabalho

Título

Identificação de casos de Zika por qRT-PCR e IgM ELISA oito anos após o surto da doença em Salvador, BA

Introdução

Em 2015, o vírus Zika (ZIKV) foi identificado pela primeira vez no Brasil. Apesar da existência de protocolos para diagnóstico por PCR em tempo real (qRT-PCR), muitos laboratórios não estavam preparados e implementaram métodos de PCR convencionais, que são menos sensíveis.

Objetivo (s)

Reanalisar a ocorrência de infecção pelo ZIKV em pacientes com doenças febris agudas no período do surto de ZIKV em Salvador utilizando métodos de qRT-PCR e ELISA IgM mais sensíveis.

Material e Métodos

Nós reavaliamos uma coleção de amostras de soro de 516 pacientes de um estudo de vigilância para doenças febris agudas realizado em Salvador entre mar-ago/2015, quando o surto de ZIKV ocorreu na cidade. Foi realizado qRT-PCR (Trioplex, CDC) em amostras de fase aguda (<7 dias de sintomas). Dos 516 pacientes, 105 com amostras pareadas foram testados por ELISA ZIKV IgM (Inbios); tais amostras já haviam sido testadas por ELISA IgM contra o vírus da dengue (DENV) (Abbott) e por RT-PCR para ZIKV (Balm et al., 2012).

Resultados e Conclusão

Com o uso do qRT-PCR, o número de casos de infecção por ZIKV aumentou de 14 (2,7%) para 51 (9,9%); 37 (72,5%) identificados apenas pelo qRT-PCR, 12 (23,5%) pelos dois métodos e 2 (3,9%) apenas pelo RT-PCR convencional. Dos 105 pacientes com amostras pareadas avaliadas por ELISA IgM para ZIKV e DENV, 33 (31,4%) soroconverteram apenas para ZIKV e 21 (20%) apresentaram IgM na amostra aguda (AA) apenas para ZIKV. Em comparação, 2 (1,9%) soroconverteram apenas para DENV e 4 (3,8%) apresentaram IgM na AA apenas para DENV. Soroconversão para ambos vírus ocorreu em 11 (10,5%) casos e AA positiva para ambos vírus em 5 (4,8%) casos. Cinco (4,8%) pacientes soroconverteram para ZIKV mas tinham IgM para DENV na AA e o oposto ocorreu para 7 (6,7%) pacientes. Outros 17 (16,2%) pacientes foram IgM negativos para ZIKV e DENV. Restringindo esta avaliação para 25 pacientes positivos para ZIKV no RT-PCR, 16 (64%) soroconverteram apenas para ZIKV, 5 (23,8%) para ZIKV e DENV, 3 (12%) foram positivos apenas para ZIKV na AA e 1 (4%) foi negativo, sugerindo alta sensibilidade do ELISA IgM para ZIKV. Além disso, 19 (57,6%) dos 33 casos de soroconversão apenas para ZIKV não foram detectados pelos métodos de RT-PCR. A emergência inesperada da epidemia de ZIKV em um cenário de pouca disponibilidade de testes diagnósticos acurados, dificultou a confirmação de casos. Os métodos incorporados nesta investigação mostraram-se superiores para uso em futuros surtos de ZIKV.

Palavras-chave

Zika IgM, qRT-PCR, diagnóstico, vírus Zika

Agradecimentos

FAPESB; CNPq; CAPES, DECIT