Dados do Trabalho


Título

Abandono ao tratamento entre casos de leishmaniose visceral no Brasil: Uma preocupação para a saúde pública?

Introdução

Os esquemas terapêuticos utilizados no tratamento da leishmaniose visceral (LV) são complexos e apresentam limitações relacionadas à toxicidade, administração e duração. Nesse sentido, é plausível considerar a possibilidade de abandono ao tratamento por parte dos pacientes, conforme já demonstrado para outras doenças infecciosas. No entanto, não existem estudos que abordem essa temática para a LV no Brasil.

Objetivo (s)

Este trabalho objetivou identificar a magnitude do abandono ao tratamento da LV no Brasil, bem como caracterizar temporalmente e espacialmente a ocorrência desse evento.

Material e Métodos

Os dados referentes aos novos casos confirmados de LV, notificados entre residentes no Brasil entre 2007 e 2020, foram coletados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. O coeficiente global e anual de casos de LV que abandonaram o tratamento foi calculado, para todo o país e agregado por estados, dividindo-se o número de pacientes que abandonaram o tratamento pelo total de indivíduos que evoluíram para cura ou abandono. Os coeficientes estaduais foram suavizados pelo estimador bayesiano empírico global.

Resultados e Conclusão

No período, foram notificados 34.184 casos de LV no país, dos quais 1,02% (n= 365) apresentaram como desfecho o abandono terapêutico. Entre 2007 e 2019, os coeficientes anuais de abandono não apresentaram um padrão bem definido, tendo oscilado entre 0,44% e 1,37%. Em 2020, houve um aumento acentuado no percentual de casos que abandonaram o tratamento (1,91%). A distribuição dos coeficientes de abandono entre os estados foi heterogênea. Os maiores valores ajustados foram observados no Pará (1,47%), Mato Grosso do Sul (1,38%) e Sergipe (1,29%). Já em Pernambuco (0,9%), Tocantins (0,84%) e Minas Gerais (0,81%) o abandono foi menos frequente. Os dados sugerem que o abandono ao tratamento da LV no Brasil ocorre em frequências relativamente baixas. Apesar disso, o evento merece destaque e preocupação das autoridades de saúde pública, uma vez que a doença tem progressão majoritariamente fatal na ausência de tratamento etiológico adequado. O maior abandono terapêutico observado concomitantemente ao ano de emergência da pandemia de COVID-19 e em estados altamente endêmicos do Norte, Nordeste e Centro-oeste sugerem a importância da atuação dos serviços de saúde na prevenção desse evento.

Palavras-chave

Leishmaniose Visceral; Tratamento Farmacológico; Epidemiologia

Agradecimentos

UFR

Área

Eixo 06 | Protozooses

Categoria

NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador

Autores

Gabriella Fernandes Teixeira, Amanda Gabriela Carvalho, João Gabriel Guimarães Luz