Dados do Trabalho

Título

Dispersão de casos de malária de áreas de mineração ilegal de ouro para o Suriname em 2023: Implicações para um país tão perto da eliminação

Introdução

A dispersão de casos de malária do Brasil para o Suriname, provenientes de áreas de mineração ilegal de ouro, representa um desafio crítico para a eliminação da doença. Aqui abordamos o aumento dos casos em 2023, analisando as implicações para o Suriname, um país que interrompeu a transmissão em 2021.

Objetivo (s)

Analisar a dispersão de casos de malária do Brasil para o Suriname, provenientes de áreas de mineração ilegal de ouro, e compreender suas implicações para a eliminação da doença.

Material e Métodos

Estudo epidemiológico descritivo com dados do sistema de notificação de casos de malária do Suriname em 2023. Os dados foram analisados com o software Tableau 2023.

Resultados e Conclusão

O último caso autóctone de malária foi registrado em outubro de 2021. Em 2023, até a semana epidemiológica 20, Suriname registrou 32 casos de malária, 30 (94%) por Plasmodium vivax e 2 por Plasmodium falciparum, sendo todos eles investigados e classificados como importados. Após a investigação dos casos, o local provável de infecção foi registrado da seguinte forma: 21 (66%) Brasil, 7 (22%) Guiana e 4 (12%) Guiana Francesa. Dos casos provenientes do Brasil, 19 (90%) informaram procedência de Roraima. Em 2022, no mesmo período, o país registrou 31 casos, 29 (94%) P.vivax e 2 (6%) P.falciparum. A investigação mostrou como local provável de infecção a Guiana Francesa em 15 (48%), Brasil 7 (23%), Guiana 7 (23%) e outros 2 (6%). Dos casos procedentes do Brasil, 3 (43%) eram de Roraima.
Em 2022 foi observada a migração de garimpeiros de Roraima ao Suriname, porém em 2023 esta migração foi claramente aumentada, possivelmente relacionada com a intervenção do Governo Brasileiro na Terra Indígena Yanomami e remoção dos garimpeiros que ilegalmente ocupam a área. O aumento da migração está refletido nos casos de malária provenientes de Roraima registrado pela rede de trabalhadores do Programa de Malária do Suriname que são treinados para realização de diagnóstico, tratamento e investigação de casos nas áreas de garimpo. Estes trabalhadores são, maioritáriamente, brasileiros, moradores nas áreas de garimpo. Esta estratégia tem se mostrado crucial na deteção oportuna e tratamento adequado, investigação dos casos de malária e resposta (DTIR).

Palavras-chave

Malária, Epidemiologia, Elimination Initiative, DTIR

Agradecimentos

Organização Pan-Americana da Saúde; Programa Nacional de Malária do Suriname