Dados do Trabalho


Título

Perfil Epidemiológico da doença de Haff em Salvador: contribuições para vigilância epidemiológica

Introdução

A doença de Haff foi descrita pela primeira vez em 1924 na Prússia Oriental. No Brasil, após o primeiro surto da doença na região amazônica em 2008, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Salvador (CIEVS SSA) investigou entre 2016 e 2017, um segundo surto no Brasil. Desde então, o CIEVS SSA realiza vigilância dos casos. A principal hipótese da causa da doença associa-se a ingesta de toxinas presentes em pescados que são transmitidas para indivíduos pela cadeia alimentar.

Objetivo (s)

Descrever os casos de doença de Haff em residentes de Salvador, Bahia entre 2020 e 2022.

Material e Métodos

Estudo seccional, descritivo de casos suspeitos de doença de Haff. Os casos suspeitos são registrados em questionário eletrônico para coleta de dados clínicos e epidemiológicos gerando banco de dados para a vigilância à saúde. O período do estudo foram os anos 2020 a 2022. Foram considerados casos suspeitos, indivíduos com mialgia aguda de início súbito até 24 horas após a ingestão de pescados, associado ao aumento da enzima Creatina Fosfoquinase (CPK) e não explicado por outras causas. As variáveis utilizadas foram: sexo, raça/cor, faixa etária, hospitalização, uso de UTI, idade, ano início dos sintomas e distrito sanitário de residência. Os dados foram analisados utilizando o Epi Info 7.2.4.0.

Resultados e Conclusão

Foram notificados 70 casos da doença de Haff no período entre 2020 e 2022, sendo 21 casos descartados. Dos 49 suspeitos, predominaram indivíduos do sexo masculino (28; 57%) e da raça/cor preta e parda (24; 49%). A mediana de idade foi 53 (min-max 13-89) anos. A maioria dos casos foi hospitalizada (39; 80%), dos quais 7 (21,8%) utilizaram UTI. Os Distritos Sanitários (DS) com maiores incidências foram Brotas (4,5 casos por 100.000 hab) e Barra/Rio Vermelho (4,3 casos por 100.000 hab). Foi possível coletar amostras de peixes de 6 (13%) casos que foram encaminhadas para o LACEN-BA e se encontram em análise. A doença de Haff gera hospitalizações e requer cuidados clínicos, sendo fundamental a vigilância epidemiológica dos casos. Como não há exames laboratoriais disponíveis para o seu diagnóstico, é necessário um alto nível de suspeição médica, com base em parâmetros clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. Na perspectiva One Health, a vigilância epidemiológica dos casos e estudos sobre a presença das toxinas em pescados contribuirão na adoção de políticas públicas efetivas para prevenção e controle da doença de Haff nos níveis nacional e global.

Palavras-chave

Doença de Haff, CIEVS, Rabdomiólise, vigilância

Área

Eixo 01 | Ambiente e saúde

Categoria

NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador

Autores

Enio Silva Soares, Ellen Santiago Santana, José Jorge Moreno Da Silva, Marcela Almeida Muhana, Lázaro José Rodrigues De Souza, Cristiane Wanderley Cardoso