Dados do Trabalho


Título

Morte fetal como desfecho da síndrome respiratória aguda grave na gestação, durante a pandemia de COVID-19: uma coorte de base populacional na Bahia.

Introdução

A perda fetal é um dos mais sérios resultados adversos da gravidez. Desde o início da pandemia de COVID-19, o Brasil registrou um número sem precedentes de hospitalizações de gestantes com síndrome respiratória aguda grave (SRAG).

Objetivo (s)

O objetivo dessa pesquisa foi avaliar o risco de morte fetal associado à SRAG durante a gravidez na Bahia, no contexto da pandemia de COVID-19.

Material e Métodos

Estudo de coorte retrospectiva de base populacional, desenvolvido com dados de mulheres que tiveram uma gestação de 20 ou mais semanas de duração, residentes na Bahia. Mulheres que apresentaram SRAG na gravidez, durante a pandemia de COVID-19 (Jan 2020 a Jun 2021) foram consideradas 'expostas'. Mulheres que não tiveram SRAG na gravidez, e cuja gestação ocorreu antes do início da pandemia de COVID-19 (Jan 2019 a Dez 2019) foram consideradas 'não expostas'. O desfecho principal foi a morte fetal. Dados administrativos de registro obrigatório sobre nascidos vivos, óbitos fetais e síndrome respiratória aguda grave foram vinculados usando método de linkage probabilístico, e analisados com modelos de regressão logística múltipla.

Resultados e Conclusão

Participaram deste estudo 200.979 gestantes, sendo 765 expostas e 200.214 não expostas. Observou-se quatro vezes maior chance de morte fetal em gestações de mulheres com SRAG durante a gravidez, de todas as etiologias (odds ratio ajustada [aOR] 4,06 intervalo de confiança [IC] 95% 2,66; 6,21); e devida ao SARS-CoV-2 (aOR 4,45 IC 95% 2,41; 8,20). O risco de morte fetal aumentou mais quando a SRAG na gravidez foi acompanhada de parto vaginal (aOR 7,06 IC 95% 4,21; 11,83), ou internação em Unidade de Terapia Intensiva (aOR 8,79 IC 95% 4,96; 15,58), ou uso de ventilação mecânica invasiva (aOR 21,22 CI 95% 9,93; 45,36).
Esses achados podem contribuir para ampliar a compreensão dos profissionais de saúde e gestores sobre os efeitos nocivos do SARS-CoV-2 na saúde materno-fetal e alertar para a necessidade de priorização das gestantes nas ações preventivas contra este e outros vírus respiratórios. Sugere-se que gestantes infectadas pelo SARS-CoV-2 que apresentem síndrome respiratória aguda grave sejam monitoradas para prevenir complicações, incluindo uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios da antecipação do parto para evitar a morte fetal.

Este estudo foi publicado na BMC Pregnancy Childbirth em 05/05/2023; doi: 10.1186/s12884-023-05601-w.

Palavras-chave

COVID-19; Pandemia de COVID-19; Óbito fetal; Gravidez; Complicações da Gravidez; SARS-CoV-2

Agradecimentos

NRSLESTE/SESAB; DIVEP/SUVISA/SESAB

Área

Eixo 09 | COVID-19

Categoria

Concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador - Doutorado

Autores

Rita Carvalho-Sauer, Renzo Flores-Ortiz, Maria da Conceição Nascimento Costa, Maria Glória Teixeira, Ramon Saavedra, Marla Niag, Enny Santos Paixão