Dados do Trabalho

Título

Perfil clínico-laboratorial de pacientes com manifestações cerebrais associadas a exposição antigênica de SARS-CoV-2

Introdução

Após o surgimento da doença do Coronavírus 2019 (COVID-19), causada pelo novo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave tipo 2 (SARS-CoV-2), o mundo acumulou quase 680 milhões de casos e 6,9 milhões de mortes. Em maio de 2020, o Brasil tornou-se o epicentro da pandemia na América do Sul, sendo o segundo país com o maior número absoluto de mortes. Além do comprometimento respiratório, o SARS-CoV-2 vem provando seus efeitos agudos e pós-infecciosos sobre o sistema nervoso central via invasão da barreira hematoencefálica (BHE), sendo implicado em quadros de neuroinflamação, como meningoencefalites e acidentes vasculares cerebrais (AVC). Apesar disso, dados sobre integridade da BHE e produção intratecal de imunoglobulinas, IgG e IgA, são ainda escassos.

Objetivo (s)

Investigar padrões clínicos-laboratoriais de pacientes com AVC, encefalopatias e meningoencefalites após exposição ao SARS-CoV-2.

Material e Métodos

O número amostral foi obtido de acordo com o diagnóstico neurológico final, a partir dos atendimentos ambulatoriais entre janeiro e dezembro de 2021, pelo Hospital da Restauração, em Recife - PE (CEP: 36538320.9.0000.5190). Os participantes foram agrupados em: casos expostos (confirmação de manifestações cerebrais), controles expostos (ausência de manifestações cerebrais) e controles não expostos ao antígeno SARS-CoV-2 (ausência de manifestações cerebrais). A exposição pelo SARS-CoV-2 foi definida como positiva em testes de RT-qPCR para detecção viral (kit Allplex™ 2019-nCoV Assay) em amostras de swab ou por ELISA na busca de IgG e IgA anti-SARS-CoV-2 (kits sorológicos Euroimmun©) em LCR e soro. Teste de Shapiro, Mann whitney e Kruskl-wallis foi aplicado aos valores de polimorfonucleares, proteínas totais e glicose em LCR entre os grupos comparados, assumindo p<0.05.

Resultados e Conclusão

Dos 804 pacientes, apenas 61 destes estavam dentro dos critérios de inclusão/exclusão, distribuídos entre 31 casos expostos, 20 controles expostos e 10 controles não expostos. Hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, tabagismo, AVC prévio e dislipidemia foram observados entre as comorbidades dos grupos. Obtivemos a confirmação da exposição ao SARS-CoV2 em soro/LCR de IgG (N=38/1) e IgA (N=46/1). Casos expostos apresentaram mais proteínas totais liquóricas do que os controles expostos e não expostos (p=0.029). Concluiu-se que uma exposição a SARS-CoV-2 pode estar associada à disfunção da BHE.

Palavras-chave

Coronavirus; Neuroinflamação; Proteínas totais

Agradecimentos

Fiocruz, LACEN Pernambuco, Facepe, CNPq, Hospital da Restauração.