Dados do Trabalho


Título

Investigação de óbitos de cães com manifestações neurológicas e a relação com adoecimento humano em aldeias do Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso, janeiro/2022 a janeiro/2023

Introdução

No Brasil, a morte ou adoecimento de cães com sintomatologia neurológica são considerados eventos sentinela para saúde pública. Diante da notificação de óbitos de cães, em dezembro/2022, foi desencadeada investigação epidemiológica.

Objetivo (s)

Investigar a ocorrência de óbitos em cães com manifestações neurológicas, e a relação com possível adoecimento humano.

Material e Métodos

Estudo descritivo, de janeiro/2022 a janeiro/2023, em duas aldeias do Parque Indígena do Xingu/MT. Para avaliação sobre saúde animal, realizou-se: entrevista domiciliar com questionário semiestruturado; avaliação da condição corporal dos cães, por método de Escore de Condição Corporal; coleta de amostras de sangue e ectoparasitas para pesquisa de Leishmaniose Visceral Canina (LVC), raiva e rickettsioses; exumação e coleta de amostras do sistema nervoso central de cão que evoluiu ao óbito com sinais neurológicos, para diagnóstico da raiva. Para descrição da saúde humana, foi realizada análise de dados do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI/SESAI/MS). Foram realizadas análises descritivas, com a utilização dos softwares Epi Info (versão 7.2.5.0) e Excel (versão 365).

Resultados e Conclusão

Foi registrada morte de 13 cães (fevereiro=1; maio=1; junho=3; setembro=2; novembro=4; dezembro=2), sem relato de agressividade anterior ao óbito. Os exames post mortem foram negativos para vírus rábico. Foram identificados 25 cães na área de estudo e 15 (60,0%) foram avaliados. Destes, 93,3% (14/15) foram classificados como magros e um (6,7%) como caquético. Foi identificada titulação de anticorpos neutralizantes para vírus rábico (≥ 0,5 UI/ml) em 58,3% (8/12) das amostras. Uma amostra foi reagente para LVC (1/13). Foi identificada Rickettsia sp. em 77,8% (7/9) dos ectoparasitas examinados. Não foram identificados registros no SIASI de casos suspeitos de intoxicação exógena ou doenças infecto-parasitárias de origem zoonótica nas aldeias estudadas. Não foi confirmada a epizootia e qualquer relação entre a morte de cães e possível adoecimento da população indígena. As mortes de cães aconteceram de forma dispersa no tempo, com quadro clínico diverso. Os achados refutam a suspeita de epizootia pelo vírus rábico. A presença de ectoparasitas somada à subnutrição generalizada sugere uma possível multicausalidade no adoecimento e morte dos cães. Estes resultados sinalizam para importância de ações continuadas de vigilância epidemiológica sob a ótica da saúde única.

Palavras-chave

Vigilância epidemiológica; Saúde Indígena; Saúde Única

Agradecimentos

CNPq

Área

Eixo 01 | Ambiente e saúde

Categoria

NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador

Autores

Gabriel Muricy Cunha, Felipe Daniel Cardoso, David José Ferreira da Silva, Elaine Cristina de Oliveira, Maria Clara Pereira Leite, Rodrigo Burum Manuari, Marcio Henrique De Oliveira Garcia, Danniely Carolinne Soares da Silva, Camile de Moraes, Orlando Marcos Farias de Sousa