Dados do Trabalho

Título

Perfil epidemiológico dos casos confirmados de mpox no Brasil, junho de 2022 a fevereiro de 2023

Introdução

Mpox é uma doença de origem viral, reportada desde maio/2022 em países sem transmissão prévia documentada, constituindo Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. No Brasil, o primeiro caso foi confirmado em 09 de junho/2022, e observou-se um padrão de ocorrência principalmente em homens que fazem sexo com homens (HSH), semelhante ao cenário internacional. O estudo foi desenvolvido para gerar dados para planejamento e assistência no âmbito do Sistema Único de Saúde.

Objetivo (s)

Descrever o perfil epidemiológico dos casos confirmados de mpox no Brasil.

Material e Métodos

Estudo descritivo de casos confirmados, com base em dados secundários com datas de notificação e início de sintomas de 01 de junho/2022 a 28 de fevereiro/2023. Foram consideradas para as análises variáveis preenchidas com dados diferentes de vazio/ignorado. Os dados foram agregados em períodos de três meses: junho-agosto/2022, setembro-novembro/2022, e dezembro/2022-fevereiro/2023. Definiu-se caso confirmado: indivíduo com resultado de exame PCR detectável para mpox.

Resultados e Conclusão

No período, foram notificados 50.605 casos de mpox, dos quais 10.261 foram confirmados. Houve maior registro de casos em junho-agosto/2022, representando 62,2% (n=6.385), seguido de setembro-novembro/2022 (n=3.458; 33,7%) e dezembro/2022-fevereiro/2023 (n=418;4,1%). A mediana de idade dos casos foi de 32 anos (IIQ:27-38). No primeiro período, 92,7% (5.907/6.374) dos casos foram registrados com sexo masculino ao nascimento, reduzindo para 91,1% (3.144/3.453) e 90,9% (380/418) nos períodos seguintes, assim, a razão de sexo masculino/feminino passou de 12,6 para 10,0. A proporção de casos em HSH também diminuiu nos três períodos avaliados, passando de 82,7% (3.533/4.271) para 76,5% (2.017/2.637) e 71,1% (256/360). Observou-se também redução na proporção de pessoas com imunossupressão, de 37,3% (1.799/4.828) para 32,6% (948/2.911) e 31,5% (112/355), e indivíduos vivendo com HIV, de 42,9% (2.259/4.592) para 42,2% (1.179/2.793) e 38,6% (135/350). Da mesma forma, a proporção de hospitalizações passou de 5,9% (318/5.431) para 5,7% (179/3.114) e 4,9% (19/388). Os achados mostram a redução de casos ao longo do tempo no Brasil, além da redução da proporção de hospitalizações, possivelmente associada à redução de casos em determinados grupos populacionais. Ainda que concentrados em jovens, sexo masculino, HSH, suspeita-se que o perfil epidemiológico da doença esteja mudando.

Palavras-chave

Monkeypox, Poxviridae, varíola símia

Agradecimentos

Estudo contou com recursos do Ministério da Saúde