Dados do Trabalho

Título

Uso de habitat por flebotomíneos vetores de Leishmania spp. causadoras de Leishmaniose Tegumentar no Nordeste do Estado do Pará, Brasil

Introdução

A leishmaniose tegumentar (LT), transmitida por insetos flebotomíneos, afeta milhares de pessoas anualmente no Brasil. Na Amazônia, alterações ambientais contribuem com a migração desses insetos de seus habitats naturais para outros próximos aos humanos.

Objetivo (s)

Avaliar os efeitos da degradação antrópica da paisagem sobre espécies de flebotomíneos no município de Cachoeira do Piriá-PA.

Material e Métodos

Flebotomíneos foram capturados com armadilhas CDC (18h–06h) em 80 pontos em paisagens com diferentes graus de ação antrópica: floresta madura–FM (20), cultivos– CT (19), domicílios rurais–DR (21) e domicílios urbanos–DU (20), entre agosto e outubro/2021. Os espécimes foram identificados e os dados analisados em duas fases (exploratória e inferencial). Na fase exploratória, utilizou-se índices ecológicos para descrever a composição da fauna e as frequências. Adotou-se modelos lineares generalizados para avaliar a densidade e a eficiência das CDCs. Na fase inferencial, analisou-se as frequências de uso do habitat e a sensibilidade das CDCs por meio de modelos de ocupação de sítios, considerando hipóteses sobre a influência das covariáveis (paisagem, mata e chuva) sobre a variável dependente (flebotomíneos). A seleção de modelos baseou-se no critério de informação de Akaike.

Resultados e Conclusão

Capturou-se 544 espécimes (12 gêneros e 28 espécies), 6 com importância vetorial (Bi. flaviscutellata, Ps. davisi, Ps. complexus, Ps. ayrozai, Lu. gomezi e Ny. antunesi) e 1 Ev. andersoni, novo registro para o Pará. A riqueza de espécies foi maior em FM e a diversidade nos DR. As frequências e densidades variaram em relação às covariáveis, sendo maiores na FM e progressivamente menor nos DR, CT e DU, em habitats próximos à mata em noites sem chuva. A positividade e sensibilidade das CDCs foram maiores na FM. A detecção de flebotomíneos, especialmente de Ny. antunesi, foi menor em noites chuvosas e maior em habitats próximos à FM. Os modelos mais competitivos sugerem que flebotomíneos usam mais habitats na FM (~70–95%), seguidos dos DR (~49–87%), CT (~24–55%) e em menor frequência nos DU (~1–13%). CDCs próximas à FM em noites sem chuva foram mais sensíveis à detecção de flebotomíneos. A presença de fragmentos de mata foi determinante na detecção de Ev. infraspinosa e a ocorrência de chuva demonstrou ser limitante nas capturas de Ny. antunesi. Espera-se que esses resultados possam orientar o planejamento de ações preventivas à LT em Cachoeira do Piriá.

Palavras-chave

Leishmaniose; Psychodidae; degradação antrópica; modelos de ocupação