Dados do Trabalho

Título

Percepção dos indígenas sobre a ocorrência de meningite nas aldeias indígenas do Amazonas.

Introdução

Diferentes populações indígenas estão em risco de adquirir doenças infecciosas em comparação com outras populações. Estudos realizados no Norte de Queensland, Austrália e em Ilheus no Estreito de Torres, no período de 1991 a 2005, apontaram risco três vezes maior de desenvolver doença meningocócica para povos indígenas, do que para não indígenas (Harley et al. 2002, Massey & Durrheim 2008). No entanto, não há dados publicados que descrevam o risco de doença meningocócica entre povos indígenas no Brasil. Casos de doença meningocócica têm sido notificados em populações indígenas no Amazonas (SUSAM, 2013), assim como em profissionais de saúde envolvidos no atendimento desses pacientes (fonte: Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas). O resumo que ora apresentamos é resultado de um estudo qualitativo com o objetivo de estudar a percepção dos indígenas sobre meningite. Esse estudo foi parte de um projeto “guarda-chuva” sobre meningite em populações indígenas do Amazonas realizado pela autora.

Objetivo (s)

Analisar a percepção dos indígenas, sobre a ocorrência de meningite em aldeias do Amazonas.

Material e Métodos

Estudo qualitativo baseado em entrevistas realizadas com indígenas das etnias Mura (256 pessoas) e Munduruku (240 pessoas) das aldeias São Félix e Fronteira, respectivamente. As entrevistas foram gravadas e analisadas pela técnica da análise do discurso. No total foram entrevistados 36 (trinta e seis) indígenas, sendo vinte da etnia Mura e dezesseis) indígenas da etnia Munduruku (aldeia Fronteira). O estudo foi inicialmente aprovado pelo Conselho Distrital de Saúde Indígena de Manaus e pelos Conselhos Locais de referência das aldeias inseridas no estudo. O projeto foi aprovado pelo CONEP, com o número de parecer1.351.186. A FUNAI autorizou a entrada nas aldeias.

Resultados e Conclusão

Identificamos desconhecimento sobre a transmissão da doença. Alguns acreditavam que fosse transmitida por morcegos. Em comum descreveram como sintomas da doença a “febre alta”, “dor de cabeça e fraqueza”. Reconheceram ser uma doença grave, que pode levar, rapidamente, a morte, causando medo. O conhecimento da doença geralmente estava ligado a uma situação trágica vivenciada por familiar ou membro da aldeia. O relato desses casos demonstra que caso de meningite, inclusive com óbito, vem ocorrendo nestas aldeias sem o devido registro no SIASI (sistemas de informação da saúde indígena). Persiste, portanto, a real magnitude da doença entre esses povos.

Palavras-chave

Indígenas; Percepção; Meningite

Agradecimentos

FIOCRUZ e David Barroso (In memoriam)