Dados do Trabalho


Título

Caracterização bioquímica, imunológica e hemotóxica do veneno da aranha marrom Loxosceles amazonica

Introdução

Aranhas Loxosceles sp. representam um problema de saúde pública no Brasil devido a gravidade dos efeitos que decorrem de sua picada. Contudo, o veneno de algumas espécies deste gênero ainda não foram caracterizados, como é o caso da Loxosceles amazonica, que têm ocorrência sinantrópica reportada. Um estudo mais aprofundado desses efeitos acrescentaria ao manejo clínico do loxoscelismo, que está em crescimento de acordo com dados do SINAN.

Objetivo (s)

Caracterizar as propriedades bioquímicas, imunológicas e hematológicas do veneno de L. amazonica.

Material e Métodos

O veneno bruto de L. amazonica (LaV) foi obtido de espécimes coletados em Serra Branca, PB e mantidas no Aracnidário da FUNED. Para caracterização bioquímica do veneno, foi definido o perfil eletroforético do LaV. e foram realizados ensaios in vitro das principaisatividades enzimáticas já relatadas para esse tipo de veneno. Para avaliar a imunorreatividade do LaV com os antivenenos disponíveis, foram realizados ensaios de ELISA e Western Blot. Para descrever as isoformas de fosfolipases D (PLD) transcritas nas glândulas de veneno de L. amazonica, o cDNA obtida de glândulas de animais foi produzido e sequenciados pelo sistema IonTorrentPGM. As sequências resultantes foram anotadas, analisando sua similaridade com as PLDs descritas anteriormente. Para verificar as propriedades hemotóxicas do LaV, foram realizados ensaios de hemólise, agregação e inibição plaquetária e de atividade fibrinogenolítica.

Resultados e Conclusão

O perfil eletroforético de LaV se mostrou variado no padrão de bandas de acordo com o gênero. O LaV apresentou atividades proteolítica, hialuronidásica e de fosfolipase D, além de serem inibidas por antivenenos. Nos ensaios de imunorreatividade, houve uma alta reatividade entre o LaV e os soros testados, revelando maior intensidade nas bandas em torno de 37 kDa, correspondentes às PLDs. Foram identificados quatro novas isoformas putativas de PLDs do LaV, através do sequenciamento. O LaV foi capaz de induzir a agregação plaquetária e hemólise de maneira concentração-dependente in vitro. Por último, LaV degradou subunidades do fibrinogênio, sugerindo possíveis alterações na cascata de coagulação. Esses resultados fornecem um conhecimento inicial da composição e ações de LaV, sugerindo que esse veneno tem o potencial de causar efeitos nocivos em humanos. Porém, estudos in vivo são necessários para verificar o real potencial tóxico e elucidar a fisiopatologia do LaV.

Palavras-chave

Loxosceles amazonica, caracterização, fosfolipase D.

Agradecimentos

FAPEMIG e CNPq

Área

Eixo 03 | Acidentes por animais peçonhentos

Categoria

Concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador - Mestrado

Autores

Rafaela Silva-Magalhães, Ana Luiza Silva-Araújo, Pamella Luize dos Santos Peres-Damásio, Elaine Henriques Teixeira Pereira, Luana Silveira da Rocha Nowicki Varela, Márcia Helena Borges, Adriano Lima Silveira, Felipe Campos de Melo Iani, Carlos Delfin Chávez-Olórtegui, Ana Luiza Bittencourt Paiva, Clara Guerra-Duarte