Dados do Trabalho


Título

Adenocarcinoma em cão com leishmaniose canina por Leishmania infantum: relato de caso

Objetivos(s)

Relatar o caso de um cão infectado por L. infantum e que apresentava simultaneamente uma neoplasia para contribuir para o conhecimento sobre comorbidades na leishmaniose canina (LCan).

Relato do Caso

Um cão, macho, raça Rottweiler, 10 anos de idade, pesando 35,7 kg, foi atendido no Ambulatório de Leishmanioses Zoonóticas (ALZ/HOSPMEV/UFBA). Soropositivo para LCan dois meses antes, o cão apresentava oftalmia bilateral, esplenomegalia e pelagem áspera e opaca; havia um nódulo cutâneo na região dorsal esquerda, que os responsáveis informaram ser um cisto recorrente. Foi realizada PCR para L. infantum, Babesia sp. e Ehrlichia canis em amostra de aspirado esplênico; o resultado foi positivo apenas para L. infantum. Uma biópsia excisional do nódulo para análise histopatológica diagnosticou adenocarcinoma apócrino. Houve recidiva do tumor com deterioração do quadro clínico que resultou no óbito do cão 30 dias após a excisão.

Conclusão

Assumimos que após a exérese do tumor, houve desenvolvimento rápido de metástases, dada a malignidade do tipo de neoplasia diagnosticado. Hipotetizamos que a infecção por L. infantum contribuiu para um comprometimento da imunidade do cão, favorecendo o curso patogênico de ambas as enfermidades. A LCan é uma importante zoonose que acomete principalmente cães situados em regiões endêmicas e ricas em flebotomíneos vetores de L. infantum. Enfermidade grave e crônica, ainda sem um tratamento antiparasitário eficaz no Brasil, a LCan tende a ser progressiva e letal para os cães. Comorbidades entre LCan e outras doenças podem gerar maior debilidade e complicações graves. Essas agravam o quadro do cão com LCan, piorando o prognóstico, pois o cão torna-se ainda mais suscetível ao desenvolvimento de alta carga parasitária, o que favorece a transmissão do parasito ao vetor. Estudos devem ser desenvolvidos para caracterizar e compreender melhor a imunopatogênese de comorbidades LCan-neoplasias, particularmente as malignas, pois a saúde clínica do cão infectado por L. infantum é fator importante no seu potencial de transmissão ao vetor. Os médicos veterinários devem conhecer as características clínicas de cães com comorbidades em áreas endêmicas, a fim de intervir, identificando precocemente tais casos e assim atuar adequadamente como agentes de Saúde Única.

Agradecimentos

CNPq, FAPESB, UFBA-PROEXT

Área

Eixo 06 | Protozooses

Categoria

NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador

Autores

Felipe Rocha Ferraz, Gabriela Silva Santos Barbosa, Fabíola Teixeira Andrade, Michele Lipphaus Pinheiro, Ana Rafaela Jesus Silva, Thamires Carvalho Luz, Camila Fraga Costa, Elisângela Nascimento Silva, Daniela Farias Larangeira, Flaviane Alves Pinho, Stella Maria Barrouin-Melo