Dados do Trabalho
Título
Infecção natural por Trypanosoma cruzi em cão com sintomas neurológicos atípicos: um relato de caso
Objetivos(s)
Ressaltar a necessidade de considerar a infecção por T. cruzi como uma possibilidade diagnóstica em cães com sintomas neurológicos, mesmo na ausência de sintomas cardíacos típicos.
Relato do Caso
Um cão Pinscher, macho, com 4 anos e 8 meses de idade, com 17 kg, foi atendido na Clínica Veterinária de Ensino da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Acre (UFAC) em 2021. A tutora relatou aparecimento de lesões cutâneas com prurido há cerca de 1 mês, seguidas de fraqueza nos membros traseiros, secreção ocular e nasal. Apresentava histórico de problemas neurológicos, como astenia, mioclonia e deambulação. No exame físico, foi observada paralisia flácida nos membros traseiros e atrofia muscular acentuada. Foi realizado um exame imunocromatográfico de anticorpo para Cinomose, não reativo. Além disso, foram solicitados alguns exames complementares, em radiografia revelou-se uma broncopneumonia e o tratamento iniciado incluiu Amoxicilina com Clavulanato de Potássio e Citoneurin para aliviar os sintomas neurológicos. Ao hemograma observou-se anemia do tipo normocítica normocrômica, volume globular: 34% (ref: 37 a 55 %), eritrócitos: 4,85 /µL (ref: 5,5 a 8,5 106/µL), hemoglobina: 11.3 g/µL (ref: 12 a 18 g/µL) e linfocitopenia 891/mm³ (ref: 1.000 a 4.800mil/mm³). As dosagens bioquímicas detectaram aumento dos níveis séricos de alanina aminotransferase (ALT) 565 (ref: 6,2 a 13 UI/L) e Fosfatase alcalina (FA) 389 (ref: 20 a 156 U/I) e soro lipêmico (+). O cão retornou após 4 dias e foram observadas formas tripomastigotas de Trypanosoma spp. por meio da técnica de Woo. O tratamento se manteve por duas semanas, com o animal apresentando melhora da broncopneumonia e linfocitopenia nos exames complementares, recebendo alta. O cão veio a óbito 8 meses depois, nenhum exame pós-morte foi realizado. No entanto, o teste de reação em cadeia de polimerase (PCR) com sequenciamento de DNA detectou positividade para Trypanossoma cruzi DTU I.
Conclusão
No presente caso, embora o cão não tenha apresentado sintomas cardíacos típicos, o Teste de Woo permitiu a observação das formas tripoamastigotas, mas quando não há observação, o uso de métodos moleculares para auxiliar no diagnóstico de infecções, como a PCR, é cada vez mais essencial, devido às limitações de sensibilidade/especificidade dos métodos parasitológicos e sorológicos. Sintomas neuromotores não são comuns em animais infectados pelo T. cruzi, podendo levar aos veterinários a não considerarem essa infecção como possibilidade.
Área
Eixo 06 | Protozooses
Categoria
NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador
Autores
Braian Bispo Amor Divino, Emerson Silva Dankar , Luiza Catharina Martins Silva, Marta Maria Geraldes Teixeira, Patricia Fernandes Nunes Silva Malavazi