Dados do Trabalho

Título

Percepção de médicos da Atenção Primária à Saúde quanto ao tratamento antiparasitário da DC em município de Minas Gerais: Projeto SaMi-Trop

Introdução

A doença de Chagas (DC) é uma doença negligenciada. O desconhecimento de médicos quanto ao tratamento antiparasitário da DC crônica tem sido apontado como causa para a não prescrição deste tratamento, mesmo entre pacientes que poderiam se beneficiar. A Atenção Primária à Saúde (APS) tem papel fundamental no manejo e acompanhamento adequado da DC.

Objetivo (s)

Analisar a percepção dos médicos da APS na condução do tratamento antiparasitário em portadores de DC, em um município de Minas Gerais-MG

Material e Métodos

Trata-se de um estudo qualitativo, realizado em um município de MG caracterizado por sua população de migrantes, oriundos de regiões hiperendêmicas, que são portadores de DC. O estudo faz parte da fase de implementação do projeto SaMi-Trop, estudo multicêntrico (CONEP 5.958.798/2021). Foram conduzidos dois grupos focais (GF) com médicos da APS do município, com a presença de um moderador e dois observadores. As falas foram gravadas e transcritas na íntegra e analisadas de acordo com referencial de Análise de Conteúdo segundo Bardin.

Resultados e Conclusão

Participaram um total de 22 médicos e as análises preliminares apontaram lacunas relacionadas à falta de conhecimento sobre o medicamento antiparasitário de escolha prioritária no Brasil, o benzonidazol (BZN). Os médicos relatam insegurança em sua prescrição, possuem pouca/nenhuma experiência prática com o BZN e, na maioria das vezes, não conseguem articular a teoria vista na graduação com a prática clínica, a exceção daqueles com atuação prévia em área hiperendêmica ou com experiências familiares. Apesar da existência do Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da DC, 2018, a falta de conhecimento deste material, as deficiências relatadas na formação e as controvérsias quanto ao tratamento da DC crônica estão relacionadas as principais causas apontadas pelos participantes para a baixa prescrição deste medicamento.
As dificuldades na condução do tratamento antiparasitário da DC podem contribuir com o agravo da doença. É necessário maior divulgação do PCDT e investimentos em ações de Educação Permanente em Saúde.

Palavras-chave

Doença de Chagas; Tratamento; Agentes Antiparasitários; Atenção Primária à Saúde; Médicos; Pesquisa Qualitativa.