Dados do Trabalho

Título

O risco do surto de esporotricose humana frente ao expressivo crescimento de casos de esporotricose felina em Maceió/AL (2019-2023)

Introdução

A esporotricose é uma micose negligenciada de caráter zoonótico causada pelo fungo Sporothrix spp. Essa doença acomete principalmente os felinos, que possuem um papel importante na transmissão da enfermidade para humanos, tornando um problema grave de saúde pública no Brasil. Dados epidemiológicos da esporotricose em Alagoas são escassos. Contudo, em 2014, houve o primeiro relato de transmissão zoonótica da doença em Maceió, através da arranhadura e contato com o animal doente, na qual, o proprietário do animal desenvolveu a forma linfocutânea da infecção.

Objetivo (s)

Dada a lacuna epidemiológica, o presente estudo teve como objetivo determinar a frequência de casos de esporotricose felina em Maceió/AL.

Material e Métodos

Realizou-se um levantamento de dados referentes aos exames citológicos de felinos da Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) e de um laboratório comercial, entre os anos de 2019 e 2023

Resultados e Conclusão

Na série histórica avaliada, em 2019 foram diagnosticados 5 animais positivos, no ano seguinte, houve redução (-80%) para apenas 1 caso, possivelmente pelo impacto da pandemia da Covid-19. A partir de 2021 até 2023, verifica-se aumento progressivo dos dados: 19 animais positivos em 2021; 83 casos reportados em 2022; e até abril de 2023, já foram reportados 48 animais positivos, correspondendo a 58% dos casos registrados no ano anterior. O aumento de número de casos de esporotricose felina diagnosticada em Maceió-Alagoas, entre 2019 e 2023, foi de 89,50%. É possível identificar um notório crescimento na infecção felina, tendenciando a um aumento maior do que o identificado. Esse crescimento pode ser explicado pela maior sensibilidade dos serviços veterinários, desconhecimento da população sobre as ações de controle, assim como, o subdiagnóstico e subnotificação de casos da doença, tanto humana quanto animal. Outros fatores, como predileção do fungo pelo clima tropical, proximidade dos animais com humanos, ausência de medidas públicas de controle e prevenção, negligência com a saúde animal, custo e tratamento prolongado, também podem representar um risco para o abandono e disseminação da esporotricose, em humanos e animais. Este aumento pode representar maior risco de transmissão da doença, com a ocorrência de casos graves e óbitos, sendo imprescindível a intervenção dos órgãos públicos para ações de vigilância e controle, no âmbito municipal e estadual.

Palavras-chave

Sporothrix spp.; Zoonose; Micologia