Dados do Trabalho

Título

Febre maculosa: variáveis, indicadores e sua trágica alta letalidade

Introdução

A febre maculosa brasileira é uma doença febril aguda, cujo agente etiológico é a bactéria Rickettsia rickettsii e o vetor envolvido é o carrapato Amblyomma sculptum (SOARES et al., 2012; SZABÓ et al, 2013). Animais como a capivara são considerados hospedeiros (SOUZA et al., 2009; SZABÓ et al, 2013). A principal preocupação em um contexto de saúde pública diz respeito ao seu potencial risco de gravidade clínica, rápida evolução e alta letalidade (ANGERAMI et al., 2012).

Objetivo (s)

Caracterizar o perfil de notificações da febre maculosa brasileira em um município do interior do Estado de São Paulo em um recorte dos últimos vinte anos.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo quantitativo descritivo e retrospectivo, realizado no município de Louveira / SP e o período selecionado corresponde aos anos 2003 a 2022. Foi realizado um levantamento de todas as fichas de notificação, residentes no município, no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Não foram utilizados registros nominais, o que garante respeito aos princípios da ética em pesquisa.

Resultados e Conclusão

Foram notificados 139 casos suspeitos, sendo 11 confirmados e 128 descartados. Dentre os casos descartados, em 67 notificados não foi realizado diagnóstico laboratorial (52%). 84 casos suspeitos ocorreram na faixa etária de 20 a 59 anos (60%) e 89 eram do sexo masculino (64%). 95 casos suspeitos relataram contato com carrapato (68%) e 98 casos frequentaram ambientes com mata, floresta, rios ou cachoeiras (72%). Todos os casos confirmados foram hospitalizados. Em relação ao local provável de infecção dos casos confirmados, 6 ocorreram em domicílio, 4 em atividades de lazer e 1 em atividades laborais. Quanto à evolução dos casos confirmados, 6 evoluíram para cura e 5 para óbito, o que corresponde a uma letalidade de 45%. Analisando-se a data do óbito dos casos confirmados em relação à data de início dos sintomas, 4 ocorreram em menos de 7 dias (80%) e 1 ocorreu com mais de 7 dias. Conclui-se, portanto, que a doença apresenta padrões de ocorrência individuais e ambientais característicos e que, por tratar-se de um agravo com clínica inespecífica, o critério epidemiológico para a suspeição e a capacitação contínua dos profissionais de saúde são essenciais para a antibioticoterapia precoce, não atrelada ao diagnóstico laboratorial, com o intuito de reduzir a alta letalidade.

Palavras-chave

Febre Maculosa Brasileira; Vigilância em Saúde Pública; Sistemas de Informação em Saúde

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio da CAPES - Código de Financiamento 001.