Dados do Trabalho


Título

HANSENÍASE: INCIDÊNCIA E RAÇA NOS MUNICÍPIOS DE JUAZEIRO/BA E PETROLINA/PE, NO PERÍODO DE 2001 A 2022

Introdução

Mesmo diante da subnotificação e subdiagnóstico, o Brasil é o país com a maior concentração de casos de hanseníase nas Américas. A doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium leprae tem evolução crônica e atinge diversos sistemas com danos irreversíveis caso o diagnóstico seja tardio ou o tratamento inadequado.

Objetivo (s)

Descrever aspectos epidemiológicos da hanseníase nas cidades de Juazeiro/BA e Petrolina/PE, no período de 2001 a 2022.

Material e Métodos

Estudo observacional, retrospectivo e descritivo dos casos de hanseníase confirmados e notificados no sistema TABNET/DATASUS, no período de 2001 a 2022, nas cidades de Juazeiro/BA e Petrolina/PE.

Resultados e Conclusão

Foram notificados no período 3.960 casos da doença em Juazeiro/BA e 5.926 em Petrolina/PE; com média anual, respectivamente, de 180 e 269,4 casos e incidência média de 89,82 e 94,03/100.000 habitantes, caracterizando as cidades como áreas hiperendêmicas para a doença (incidência por 100 mil habitantes maior ou igual a 40). No ano de 2022 houve aumento no número de casos em Juazeiro/BA (n=161), em comparação com o observado nos anos de 2021 (n=131) e 2020 (n= 106), sendo o mesmo padrão encontrado em Petrolina/PE nos anos de 2022 (n=386), quando comparado com 2021 (n=259) e 2020 (n=227), o que, provavelmente, corrobora com a perda de seguimento em saúde provocada pelo isolamento social consequente à pandemia de COVID-19, considerado um agravo ao subdiagnóstico e subnotificação. Quanto à raça, a doença atinge tanto pardos (59,47%), pretos (14,59%) e brancos (14,39%) em Juazeiro/BA, quanto em Petrolina/PE, pardos (56,71%), pretos (15,27%) e brancos (17,93%). No total de casos, a população negra, indivíduos autodeclarados pretos ou pardos, representa 70,06% dos casos da doença em Juazeiro/BA e 71,91% em Petrolina/PE, reflexo da limitação do acesso dessa população à saúde e da dificuldade de diagnóstico e tratamento. Diante da subnotificação e subdiagnóstico enfrentadas pelos municípios, os dados apontam ambas cidades como regiões hiperendêmicas para a hanseníase, majoritariamente com casos entre a população negra, acarretando importantes agravos não somente na qualidade de vida do indivíduo devido às manifestações físicas da doença, mas também ao adoecimento mental, dificultando a interação social com outros indivíduos devido o estigma da doença.

Palavras-chave

Doenças Negligenciadas, Desigualdade Social, Saúde Pública; Hanseníase.

Área

Eixo 11 | Infecções causadas por bactérias

Categoria

Concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador - Graduado

Autores

Matheus Pereira Barreira, Rayssa Sayonara Feitosa da Silva, Letícia Silva Marteis, César Augusto da Silva