Dados do Trabalho

Título

INCIDÊNCIA E GRAU DE ESCOLARIDADE DA LEISHMANIOSE VISCERAL HUMANA NOS MUNICÍPIOS DE JUAZEIRO/BA E PETROLINA/PE, NO PERÍODO DE 2001 A 2020

Introdução

O Brasil destaca-se no conjunto de países que englobam cerca de 90% dos casos mundiais de Leishmaniose Visceral (LV), doença infecto-parasitária que enfrenta problemas de subnotificação e subdiagnóstico.

Objetivo (s)

Descrever aspectos epidemiológicos da LV humana nas cidades de Juazeiro/BA e Petrolina/PE, no período de 2001 a 2020.

Material e Métodos

Estudo observacional, retrospectivo e descritivo dos casos de LV humana confirmados e notificados no sistema TABNET/DATASUS, no período de 2001 a 2020, nas cidades de Juazeiro/BA e Petrolina/PE.

Resultados e Conclusão

No período foram notificados 306 casos da doença em Juazeiro/BA e 266 em Petrolina/PE com média anual, respectivamente, de 15,3 e 13,3 casos e incidência média de 7,77 e 4,53/100.000 hab. Incidências maiores quando comparadas, no mesmo período, às registradas no país (1,81/100.000 hab) e na região Nordeste (3,56/100.000 hab). Faz-se necessário destacar, o triênio 2016 a 2019, nos quais as incidências em Juazeiro/BA (3,74/100.000 hab) e Petrolina/PE (3,89/100.000 hab) foram superiores ao estado da Bahia (1,38/100.000 hab) e de Pernambuco (1,02/100.000 hab), as regiões Norte (3,53/100.000 hab), Nordeste (2,76/100.000 hab), Sudeste (0,65/100.000 hab), Sul (0,04/100.000 hab), Centro-Oeste (0,92/100.000 hab) e no Brasil (2,06/100.000 hab). Quanto à escolaridade, entre 2001 e 2020, os mais acometidos são aqueles indivíduos com 1ª a 8ª série incompleta do Ensino Fundamental (EF) tanto em Juazeiro/BA (26,21%) quanto em Petrolina/PE (19,17%); em contrapartida, menos casos ocorreram em indivíduos com EF completo e/ou educação superior completo ou incompleto em Juazeiro/BA (4,53%) e EF completo e/ou ensino médio incompleto em Petrolina/PE (2,63%). Os dados dos municípios estudados, no período de 2001 a 2020, sugerem uma relação entre maior grau de escolaridade e menor exposição a fatores de risco de LV. É possível ainda que a maior escolaridade interfira positivamente, ocasionando maiores cuidados em saúde, além da associação com melhor situação socioeconômica, o que implica em melhor cenário habitacional, diminuindo a exposição a fatores de risco. A despeito da subnotificação e subdiagnóstico nos municípios, é clara a manutenção de altas taxas de incidência da doença no decorrer dos anos estudados em ambas as cidades, com destaque para o triênio de 2016 a 2019, que são superiores às médias nacionais e regionais, acarretando em agravos na saúde individual e coletiva na região.

Palavras-chave

Epidemiologia, Leishmaniose Visceral, Zoonoses, Pernambuco, Bahia