Dados do Trabalho


Título

Livro didático e atuação docente: lacunas e riscos para transmissão da esquistossomose entre escolares de região endêmica

Introdução

A esquistossomose acomete, principalmente, crianças de áreas endêmicas, a exemplo do nordeste brasileiro, podendo comprometer o desenvolvimento cognitivo e evoluir para óbito. Nesse cenário, os livros didáticos são potenciais na prevenção pela facilidade de acesso e por possuir a mediação de professores na transmissão do conteúdo. Porém, fragilidades nestes materiais e na formação docente, constituem fatores de risco.

Objetivo (s)

Desse modo, nesse estudo avaliamos a abordagem da esquistossomose no livro didático de ciências e a práxis docente concernente as doenças parasitárias em sete escolas rurais de Paulo Afonso – BA, obtendo-se prévia aprovação do CEP e da Secretaria de Educação local.

Material e Métodos

O material foi analisado quanto à transmissão, sintomatologia, diagnóstico, tratamento e prevenção da doença, sendo classificado como adequado, inadequado, incompleto ou ausente. Para acesso ao conhecimento dos professores foram realizadas entrevistas.

Resultados e Conclusão

O livro utilizado é o ‘Saberes e fazeres do campo’ da coleção Girassol – 5º ano, o qual não apresenta o nome científico/popular do agente etiológico e emprega apenas o termo ‘barriga d’água’ para a doença, sem associações com a transmissão. As informações sobre os sintomas são adequadas, enquanto para diagnóstico/tratamento estão ausentes, inclusive sobre o exame fezes. Sobre a transmissão e prevenção os dados são incompletos, não sendo mencionadas importantes estratégias como evitar contato com os vetores e não defecar em rios e lagos. A respeito das ilustrações, só há imagens do ciclo e são adequadas. Fotos de pacientes poderiam ser úteis para sensibilização quanto a gravidade da esquistossomose e adoção de medidas preventivas. Quanto à formação dos professores, entre os sete entrevistados, 57,14% afirmaram ter aprendido sobre parasitoses por conta própria e 42,86% durante o ensino básica e/ou com familiares. Com relação à divulgação em aula, 28,58% nunca abordou o tema e dentre os que abordaram (71,42%), somente 40,00% discutiram a prevenção. De acordo com a maioria dos entrevistados (85,71%), o livro de ciências é o único recurso disponível para o ensino de parasitologia. Quando questionados sobre à formação continuada na temática (e.g.: especialização e cursos), 71,42% disseram nunca ter recebido. Portanto, a fragilidade encontrada no livro didático e na atuação docente, pode constituir um fator de risco para os escolares frente à esquistossomose.

Palavras-chave

Ensino de ciências; Populações negligenciadas; Parasitoses intestinais

Área

Eixo 07 | Helmintíases

Categoria

NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador

Autores

Maria Tairla Viana Gonçalves, Deyvison Rhuan Vasco-dos-Santos, Erika Santos Nunes