Dados do Trabalho

Título

Dinâmica Espaço-Temporal da VOC Gamma (P.1) do vírus SARS-COV-2 no Estado do Rio Grande do Norte, Brasil.

Introdução

O coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2), detectado inicialmente em dezembro de 2019 em Wuhan, China, é o agente etiológico de uma pandemia responsável por mais de 6,5 milhões de mortes em todo o mundo até março de 2022. O Brasil abarca aproximadamente 700 mil dessas mortes, registrando seus maiores índices de letalidade durante a disseminação da linhagem P.1 emergida no estado do Amazonas em novembro de 2020, denominada uma variante de preocupação (VOC) pela Organização Mundial de Saúde em janeiro de 2021. No estado do Rio Grande do Norte, a circulação de P.1 coincidiu com altas no número de casos, mortes e letalidade (3.5% em abril de 2021).

Objetivo (s)

Compreender a dinâmica espaço-temporal da linhagem P.1 no Rio Grande Norte.

Material e Métodos

Técnicas filogenéticas com um arcabouço estatístico de máxima-verossimilhança foram aplicadas a um conjunto formado por sequências geradas neste estudo (n = 52) e disponíveis em bancos de dados públicos (n = 469). As sequências foram amostradas entre janeiro e agosto de 2021, estando distribuídas entre as 11 regiões geográficas do estado, sendo a que contém a capital, Natal, a mais representada (24%).

Resultados e Conclusão

Os dados disponíveis caracterizam esta como uma epidemia fragmentada, composta por um grande número de introduções independentes (n = 207) ocorridas principalmente nas regiões de Natal (31%), Santa Cruz (20%), Caicó (12%) e São Paulo do Potengi (9%). A disseminação interna da linhagem P.1 ficou a cargo de três polos com participação equivalente (~22%) no total de migrações virais detectadas no estado, Natal, Santa Cruz e São Paulo do Potengi. Foram identificados 2 clados de tamanho médio (agregando ~5% do total de sequências) que emergiram na região de Natal (probabilidade marginal = 98%) no final de março de 2021, e São Paulo do Potengi (probabilidade marginal = 88%) em meados de fevereiro, além de uma grande quantidade (n = 26) de clados pequenos (entre 1 e 5% do total de sequências).Ocorrida em um contexto de retomada da mobilidade urbana e vacinação incipiente, a linhagem P.1 no Rio Grande do Norte estabeleceu múltiplas redes de transmissão simultâneas, sobrecarregando o sistema de saúde local, e elevando a letalidade da infecção. Diante da circulação contínua do SARS-CoV-2 no país e a possibilidade de novas emergências virais, a compreensão da dinâmica local de disseminação viral é uma ferramenta essencial na elaboração de políticas públicas eficientes e de base científica.

Palavras-chave

SARS-CoV-2, Gamma, Rio Grande do Norte, P.1