Dados do Trabalho

Título

Estudo da distribuição de células e citocinas em baços de pacientes com leishmaniose visceral recidivante.

Introdução

A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose negligenciada e que tem impactos consideráveis na saúde pública. Um dos principais problemas relacionado à LV é a letalidade entre 6-8% dos pacientes, mesmo na vigência de tratamento. O baço é um órgão linfoide responsável pela hemocaterese e vigilância imunológica contra patógenos circulantes no sangue e é afetado durante a LV, com desorganização da polpa branca (PB) e extensa substituição da celularidade normal da polpa vermelha (PV) por plasmócitos. Apesar disso, pouco se sabe a respeito da contribuição da desestruturação esplênica na LV humana e como e as mudanças na celularidade esplênica alteram o perfil de produção de citocinas no órgão favorecendo a susceptibilidade à infecção.

Objetivo (s)

Definir quais as células e citocinas estão envolvidas na desestruturação dos compartimentos esplênicos e qual a provável associação com a progressão e letalidade na LV.

Material e Métodos

Foram utilizados baços de 6 pacientes com LV recidivante e 5 pacientes sem doença infecciosa; foram analisados os parâmetros clínico-laboratoriais disponíveis nos prontuários; foi feita marcação por imuno-histoquímica para avaliar a distribuição e a relação de leucócitos (Linfócitos T e Treg, Linfócitos B e Macrófagos) e citocinas (IL1B, IL4, IL6, IL10, IL17, IFNy, TNFa e TGFb) nos compartimentos de PB e PV do baço.

Resultados e Conclusão

Todos os pacientes com LV apresentaram maior peso do baço (p=0,0043, Mann-Whitney) e leucopenia; observamos acúmulo de macrófagos (p=0,0317, Mann-Whitney) e plasmócitos (p=0,0043, Mann-Whitney) na PV de pacientes com LV; redução da razão entre linfócitos B e T na PB (p=0,0317, Mann-Whitney); aumento de IL6 total (p=0,0317, Mann-Whitney) e correlação negativa de IL6 com a porcentagem de PB esplênica (R=-0,7, p=0,0251, Spearman); correlação negativa entre leucócitos circulantes e número de leucócitos CD20, CD3 e CD68 no baço (R=-0,65, R=-0,73, R=-0,78, respectivamente, p<0,05, Spearman). Dessa forma, as alterações leucocitárias sugerem a condição de hiperesplenismo, com aumento de células sanguíneas no baço e redução de leucócitos no sangue circulante. Além disso, é possível que a desorganização da PB possa contribuir para a ativação de células B e acúmulo de plasmócitos na PV. O aumento de IL6 associado à redução da porcentagem de PB pode ser utilizada como marcador do nível de desestruturação da PB.

Palavras-chave

Leishmaniose visceral recidivante; população leucocitária; baço; imuno-histoquímica.

Agradecimentos

Financiamento: CAPES, FAPESB, CNPq, FIOTEC