Dados do Trabalho
Título
Investigação sorológica de anticorpos anti-Coxiella burnetii em comunidades quilombolas do estado do Paraná
Introdução
O contato das populações quilombolas com animais, incluindo ruminantes e cães de companhia, resultam em um fator predisponente para a ocorrência da febre Q nos quilombos.
Objetivo (s)
Investigar a presença de anticorpos contra C. burnetii em comunidades quilombolas localizadas no estado do Paraná e em seus cães de companhia, a fim de observar o impacto da bactéria nessas populações.
Material e Métodos
Foram coletadas 200 amostras de soro humano e 20 amostras de soro canino a partir de quatro diferentes comunidades. As amostras foram submetidas a um ensaio de imunofluorescência indireta (IFA) usando protocolos de diagnóstico internos e comerciais para avaliar soropositividade para C. burnetii. Foram analisadas as titulações das amostras soropositivas e os tipos de anticorpos detectados. O teste exato de Fisher foi usado para comparar a soropositividade de C. burnetti com as variáveis binárias. Para variáveis com três ou mais possíveis respostas, foi usada regressão logistica. Para as análises, foi usado o Statistical Analysis Software (SAS), e as associações foram consideradas quando o valor de p era <0,05.
Resultados e Conclusão
Ao todo, 44 pessoas apresentaram anticorpos para C. burnetii, indicando uma soropositividade de 22% (95% CI 16.82–28.24). Os títulos altos em 4.5% das pessoas são um sinal de que a doença possa ter atingido clinicamente a população dos quilombos em um dado momento. As variáveis analisadas no estudo foram comunidade, idade, sexo, educação, ocupação, hábito de adentrar áreas de mata, consumo de carne de caça, ponto da carne de consumo, consumo de leite cru, picada por ectoparasitas, histórico de abortamento das mulheres, contato com cães e contato com abortamentos animais. Houveram diferenças estatísticas significativas em relação à soropositividade para febre Q na comunidade de Tronco, no consumo de carne mal cozida, na ocupação e no contato com abortamentos animais. Soropositividade também foi observada em um dos 20 cães, este pertencente à comunidade de Limitão, cujo título alcançado foi de 128 para o anticorpo de fase II, relacionado com infecções agudas nos animais. Este é o primeiro estudo que investiga a febre Q em populações humanas na região sul do Brasil e o primeiro do país com foco em populações vulneráveis. A ocorrência da doença nessas comunidades pode servir de referência para orientar atividades de vigilância e prevenção, e servir de inspiração para o desenvolvimento de novos estudos na região.
Palavras-chave
febre Q, sorologia, população vulnerável, prevalência.
Agradecimentos
FAPESP, CNPq e FUNED
Área
Eixo 11 | Infecções causadas por bactérias
Categoria
NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador
Autores
Danilo Alves de França, Louise Bach Kmetiuk, Filipe Pereira da Silva, Giovanni Augusto Kalempa Panazzolo, Fábio Sossai Possebon, Nássara Jabur Lot Rodrigues, Ana Íris de Lima Duré, Marcos Vinícius Ferreira Silva, Myriam Morato Duarte, Alexander Welker Biondo, Helio Langoni