Dados do Trabalho


Título

Tuberculose drogarresistente nas pessoas em situação de rua: uma análise descritiva do sistema de informação nacional brasileiro

Objetivo (s)

Descrever o perfil das pessoas em situação de rua com tuberculose drogarresistente entre 2015 e 2021 no Brasil.

Material e Métodos

Estudo descritivo dos casos de tuberculose em pessoas em situação de rua adulta (20 a 59 anos) registrados em todo o Brasil, cuja situação de encerramento foi “tuberculose drogarresistente” no Sistema de Informação de Agravos de Notificação entre 2015 e 2021. Para descrição do perfil, consideraram-se variáveis sociodemográficas e clínico-epidemiológicas disponíveis no sistema, apresentando-se as frequências absoluta e relativa.

Resultados e Conclusão

Entre 2015 e 2021, no Brasil, foram notificados 295 casos de tuberculose drogarresistente nesse grupo. Das variáveis sociodemográficas, teve-se: sexo – masculino (236;80,0%) e feminino (59;20,0%); faixa etária (anos) – 20 a 39 (153;51,9%) e 40 a 59 (142;48,1%); cor – branca (62;21,0%), parda (149;50,5%), preta (72;24,4%), amarela (1;0,3%) e ignorado (11;3,7%); escolaridade – ≤8 anos (157;53,2%), >8 anos (52;17,6%) e ignorado (86;29,2%); e beneficiário do governo – sim (9;3,1%), não (194;65,8%) e ignorado (92;31,2%). No que se refere à dimensão clínico-epidemiológica, visualizou-se: tipo de entrada – caso novo (100;33,9%), recidiva (33;11,2%), reingresso após abandono (146;49,5%) e transferência (16;5,4%); forma clínica – pulmonar (277;93,9%), extrapulmonar (4;1,4%) e mista (14;4,7%); tratamento diretamente observado – sim (89;30,2%), não (118;40,0%) e ignorado (88;29,8%); uso de álcool – sim (168;56,9%), não (110;37,3%) e ignorado (17;5,8%); uso de drogas ilícitas – sim (207;70,2%), não (70;23,7%) e ignorado (18;6,1%); uso de tabaco – sim (174;59,0%), não (103;34,9%) e ignorado (18;6,1%); HIV – positivo (87;29,5%), negativo (186;63,1%), em andamento (6;2,0%) e não realizado (16;5,4%); transtorno mental – sim (25;8,5%), não (250;84,7%) e ignorado (20;6,8%); e diabetes mellitus – sim (10;3,4%), não (268;90,8%) e ignorado (17;5,8%). O perfil dessas pessoas foi composto, principalmente, por homens pretos e pardos, com baixa escolaridade e sem comorbidades, que reingressaram após perda de seguimento. Destacaram-se o uso de álcool e drogas e a não supervisão do tratamento como características predominantes. Nesse sentido, percebe-se uma sobreposição de vulnerabilidades que vão além da carga clínico-biológica da doença, como a predominância pessoas pretas e pardas mais acometidas, o que nos direciona a novas discussões a partir das lentes do racismo.

Palavras-chave

Tuberculose Resistente a Medicamentos. Pessoas em Situação de Rua. Saúde Pública.

Área

Eixo 13 | Tuberculose e Outras Micobactérias

Categoria

Concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador - Doutorado

Autores

Gabriel Pavinati, Lucas Vinícius Lima, Isadora Gabriella Silva Palmieri, Gabriela Tavares Magnabosco