Dados do Trabalho

Título

Panorama dos indicadores de controle da tuberculose nas pessoas em situação de rua: identificação das disparidades geoprogramáticas no Brasil

Objetivo (s)

Analisar o desempenho e a distribuição espacial de indicadores de controle da tuberculose na população em situação de rua brasileira.

Material e Métodos

Estudo ecológico, no qual as unidades de análise foram as cinco regiões geográficas (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste) do Brasil. Os indicadores selecionados foram: proporção de testagem para HIV, proporção de coinfecção tuberculose-HIV, proporção de tratamento diretamente observado e proporção dos desfechos (cura, abandono do tratamento e óbito por tuberculose), referentes ao período de 2015 a 2019. Os dados foram provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. O cálculo dos indicadores foi realizado sobre cada unidade ecológica, segundo fórmulas do Manual de Recomendações para Controle da Tuberculose no Brasil do Ministério da Saúde de 2011. Utilizou-se a técnica de quebras naturais para categorização espacial dos indicadores.

Resultados e Conclusão

Quando observados os indicadores de cada região dispostos do pior ao melhor desempenho, teve-se: a) proporção de testagem para HIV: Norte (77,0%), Centro-Oeste (78,3%), Nordeste (80,7%), Sudeste (82,9%) e Sul (90,3%); b) proporção de coinfecção tuberculose-HIV: Sul (34,8%), Nordeste (21,8%), Norte (20,1%), Sudeste (18,3%) e Centro-Oeste (17,5%); c) proporção de tratamento diretamente observado: Nordeste (28,2%), Centro-Oeste (34,1%), Sudeste (35,6%), Sul (39,0%), Norte (43,5%); d) proporção de cura: Sul (34,5%); Centro-Oeste (34,8%), Nordeste (36,8%), Sudeste (39,3%) e Norte (42,7%); e) proporção de abandono do tratamento: Sudeste (38,1%), Sul (34,1%), Nordeste (33,0%), Centro-Oeste (32,5%) e Norte (32,1%); e f) proporção de óbito por tuberculose: Centro-Oeste (16,6%), Sul (16,5%), Sudeste (14,2%), Norte (11,3%) Nordeste (11,0%). Em suma, identificou-se desempenho insatisfatório dos indicadores de controle da tuberculose nas pessoas em situação de rua em todas as regiões do Brasil. Esses achados avultam a persistência de dificuldades e desafios atrelados à implementação das ações de controle da doença nessa população sabidamente vulnerável. Portanto, este estudo pode contribuir para a construção de estratégias sensíveis às iniquidades geoprogramáticas no contexto nacional. Para mais, destaca-se que o uso de dados secundários está sujeito a preenchimento errôneo e incompletude, o que pode obnubilar o verdadeiro cenário epidemiológico.

Palavras-chave

Tuberculose. Pessoas em Situação de Rua. Iniquidades em Saúde.

Agradecimentos

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil