Dados do Trabalho
Título
Carrapatos duros e moles (Parasitiformes: Ixodida) em humanos: “Caminhando” pelos biomas brasileiros e o impacto das mudanças ambientais
Introdução
Registros de parasitismo acidental por carrapatos em humanos no Brasil são escassos, sendo a maioria relatada por pesquisadores que são parasitados durante suas pesquisas e por profissionais que trabalham diretamente com animais domésticos (de companhia e produção) e silvestres (de cativeiro e vida livre).
Objetivo (s)
Sendo assim, os carrapatos são importantes para a saúde pública e sanidade animal.
Material e Métodos
Para compilar os registros do presente trabalho, uma extensa revisão da literatura foi realizada, onde foram incluídos estudos conduzidos no território nacional publicados entre 1909 e 2022.
Resultados e Conclusão
Nove espécies da família Argasidae (carrapatos moles) e 32 espécies da família Ixodidae (carrapatos duros), foram relatadas picando humanos nos seis biomas que ocorrem no território brasileiro. A espécie com maior número de registros de parasitismo humano foi Amblyomma sculptum, seguida por Amblyomma coelebs, Amblyomma cajennense sensu stricto e Amblyomma brasiliense. A Mata Atlântica foi o bioma onde mais ocorreu o parasitismo humano, provavelmente devido ao maior número de habitantes, universidades e pesquisadores na região. No entanto, isso não significa que esse bioma seja o mais propício ao desenvolvimento dos estágios evolutivos dos carrapatos e seu parasitismo em humanos. Além do Amblyomma ovale e Amblyomma tigrinum, vetores no país de Rickettsia parkeri (agente etiológico de uma riquetsiose branda), foram relatadas duas das principais espécies que atuam como vetores de Rickettsia rickettsii (bactéria responsável pela Febre Maculosa Brasileira), A. sculptum e Amblyomma aureolatum. Esses achados são extremamente preocupantes, considerando a ampla distribuição das espécies encontradas e os estágios do ciclo de vida mais frequentemente mencionados no parasitismo (ninfas e adultos), favorecendo assim a transmissão dos patógenos. A presente pesquisa fornece uma contribuição significativa para o conhecimento das espécies de carrapatos associadas ao parasitismo humano no Brasil. No entanto, devido às alterações ambientais potencializadas pela supressão vegetal (desmatamento) e incêndios, prevê-se uma expansão geográfica de algumas espécies de carrapatos e dos seus patógenos associados, que os utilizam como vetores e consequentemente um aumento do parasitismo humano nestas áreas modificadas pela ação antrópica.
Palavras-chave
Acari, Febre Maculosa Brasileira, Saúde Pública
Agradecimentos
FAPESP (19/03167-0, 20/05987-1)
Área
Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores
Categoria
Concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador - Doutorado
Autores
Thiago Fernandes Martins, Bárbara Cristina Félix Nogueira, Artur Kanadani Campos, Sebastián Muñoz-Leal, Adriano Pinter