Dados do Trabalho


Título

Miíase humana por Dermatobia hominis (Diptera: Cuterebridae) diagnosticada erroneamente como foliculite refratária facial: Relato de caso

Objetivos(s)

O díptero Dermatobia hominis tem os animais como principais hospedeiros, podendo também parasitar o homem. As larvas são parasitos obrigatórios, desenvolvem-se no tecido cutâneo, causando uma miíase primária do tipo nodular ou furuncular, conhecida no Brasil como "berne".

Relato do Caso

Durante os dias 24-26 de fevereiro de 2023, em um trabalho de campo para coleta de fezes (coccídios) e carrapatos em passeriformes no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro, um pesquisador (T.F.M.) entrou em contato com dípteros no decorrer da vistoria das redes de neblina utilizadas para a captura das aves silvestres. Depois de aproximadamente duas semanas (14/03/2023), o pesquisador procurou o atendimento médico em um hospital particular situado na zona leste da cidade de São Paulo, devido a uma irritação facial e inchaço com dor local. Durante a anamnese com o médico, o pesquisador informou que estava com um incômodo na face (região próxima a comissura labial direita), que tinha voltado recentemente para a capital paulista de uma expedição (dentro de uma área florestal) e que poderia estar com uma possível dermatobiose. O médico ignorou as informações passadas pelo paciente e diagnosticou foliculite refratária em face, receitando antibiótico e anti-inflamatório (Cefalexina 1g, Naproxeno sódico 500mg) por 7 e 3 dias, respectivamente. Após três dias de tratamento (17/03/2023) sem melhoras significativas do quadro clínico, o próprio paciente visualizou através do espelho um orifício de abertura na pele e retirou uma larva mecanicamente com auxílio de uma pinça anatômica. A larva foi identificada pelo pesquisador como terceiro instar de Dermatobia hominis de acordo com a literatura, utilizando um estereomicroscópio no Laboratório de Doenças Parasitárias da FMVZ-USP.

Conclusão

O presente relato, alerta a classe médica, chamando a atenção para possíveis lesões nodulares ou furunculares em pacientes com histórico sugestivo de contato com dípteros, auxiliando na detecção da larva, na remoção da mesma e principalmente no diagnóstico correto dessa ectoparasitose.

Agradecimentos

Agência Financiadora: FAPESP (19/03167-0, 20/05987-1)

Área

Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores

Categoria

NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador

Autores

Thiago Fernandes Martins, Bruno Pereira Berto, Marcelo Souza Motta, Álvaro Adolfo Faccini-Martínez